quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

TERMÔMETRO ECONÔMICO - Novembro de 2011

Publicado por Frederico Mafra
Consultor Sênior da GLOBAL ON Consultores Associados e professor do IBMEC e FEAD


O mês de novembro destaca os resultados do PIB brasileiro do 3º trimestre de 2011, que apresentou variação nula, confirmando as expectativas do mercado de que os efeitos da crise mundial, de fato, chegaram ao país. O governo, em contrapartida, anunciou medidas para estimular o consumo interno e os investimentos, via subsídios fiscais. O Real voltou a se desvalorizar frente ao Dólar, e o COPOM reforçou a estratégia de redução gradual da taxa SELIC, cortando em 0,5 ponto percentual os juros básicos da economia. Outros indicadores de novembro: inflação (voltando a se acelerar), inadimplência (com índices maiores que 2010) e mercado de trabalho (com saldo positivo no mês, mas 38,4% abaixo do desempenho obtido em 2010).
  • PIB Brasil do 3º trimestre tem variação nula: O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil apresentou variação nula (0,0%) no 3º trimestre de 2011, em relação ao 2º. O destaque positivo foi o setor da Agropecuária, que cresceu 3,2% no período. Indústria e Serviços, em contrapartida, apresentaram variação negativa de -0,9% e -0,3%, respectivamente. Na comparação com o 3º trimestre de 2010, o PIB cresceu 2,1%. No acumulado de 2011 (janeiro até setembro), o PIB brasileiro apresenta expansão de 3,2% em relação a 2010, alcançando R$1,05 trilhão em valores correntes.
  • Banco Central reduz estimativa para o PIB em 2011: De acordo com o último Boletim Focus de novembro, o Banco Central reduziu mais uma vez a previsão do PIB para 2011, de 3,29%, verificada no início do mês, para 3,09% no final deste mês. Para 2012, a projeção também é de queda, de 3,50%, feita no início do mês, para 3,48% neste último Boletim Focus. Segundo vários economistas do mercado, as projeções estão convergindo para um PIB em torno de 3% até o final de 2011. Para tanto, a economia teria crescer mais do que 0,8% no 4º trimestre, e há um entendimento do mercado que a economia brasileira apresentará uma modesta recuperação neste final de ano, superando a estagnação verificada no 3º trimestre. O Ministério da Fazenda trabalhava com uma previsão de crescimento em torno de 3,8% para 2011, considerada muito otimista pelo mercado. Mas o próprio Ministro Guido Mantega já admitiu que o PIB não chegará a este índice, por conta não só do desempenho nulo do 3º trimestre, mas também pela revisão dos valores feita pelo IBGE para os dois primeiros trimestre do ano. Para 2012, o governo trabalha com previsão de, no mínimo, crescimento do PIB de 4%, podendo chegar a 5% dependendo de algumas novas ações governamentais, como uma expansão do investimento público, e de outras já confirmadas, como o aumento previsto para o salário mínimo em janeiro, as desonerações do SIMPLES e do Plano Brasil Maior, o impacto defasado das reduções na taxa SELIC ocorridas no 2º semestre deste ano, e a perspectiva de crescimento do crédito livre em 2012.
  • Governo anuncia medidas para estimular consumo interno e investimentos: O Ministério da Fazenda anunciou um pacote de medidas de estimulo à economia, voltadas ao consumo doméstico e aos investimentos, que envolve desonerações fiscais para o setor produtivo e para o mercado financeiro. No caso da Indústria, foi reduzido o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a linha branca (que inclui geladeiras, fogões e máquinas de lavar). Para se ter uma idéia, o IPI cairá de 4% para 0% no caso dos fogões, de 15% para 5% nas geladeiras e congeladores, de 20% para 10% nas lavadoras automáticas, e de 10% para 0% nos tanquinhos. Com relação aos investimentos, o governo anunciou a redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no crédito ao consumidor, de 3% para 2,5%, além de eliminar o IOF de 2% que incide sobre a aplicação de investidores estrangeiros em ações na BOVESPA. O setor de alimentos também foi beneficiado, com a redução do PIS/COFINS para as massas, de 9,25% para 0%. Em termos de renúncia fiscal, as medidas adotadas pelo governo irão representar, pelo menos, R$ 1 bilhão em 2012. As principais redes varejistas já anunciaram que irão repassar a redução do IPI para os consumidores. Pelos cálculos da FECOMERCIO-SP (Federação do Comércio de São Paulo), os descontos seriam de 3% a 5% nos preços finais dos produtos. Para completar, a Caixa Econômica Federal anunciou, depois das medidas do governo, que irá liberar R$ 5 bilhões de crédito para aquisição de eletrodomésticos, móveis, eletroeletrônicos e outros bens de consumo.
  • Real fecha novembro em R$ 1,8109: O câmbio vem se mostrando muito volátil nos últimos meses. Depois de ter apresentado alta desvalorização perante o Dólar no mês de setembro (fechando o mês em R$1,8800), o Real voltou a se valorizar fortemente em outubro (quando fechou cotado a R$1,704). Em novembro, porém, voltou a se desvalorizar também fortemente, fechando o mês em R$1,8109 (conforme dados do Banco Central). Com isso, o Dólar encerrou novembro com alta de 4,73% em relação a outubro, e valorização em 2011 de 9,81%. O Real também se desvalorizou perante o Euro, fechando o mês de novembro em R$ 2,4416, ante R$2,3610 verificado em outubro. Especificamente com relação ao Dólar, a previsão para a taxa de câmbio, feita pelo Banco Central para 2011, está em R$ 1,79, conforme o último Boletim Focus de novembro. Para 2012, a taxa de câmbio está estimada em R$ 1,75.
  • COPOM reduz mais uma vez a taxa SELIC para 11,00% ao ano: Na última reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM), realizada em 29 e 30 de novembro, a taxa SELIC foi reduzida mais uma vez em 0,50 ponto percentual, chegando a 11,00% ao ano, reforçando a estratégia do Banco Central em reduzir os juros para estimular o crescimento econômico e mitigar os efeitos da crise econômica mundial no Brasil. Mesmo com a redução da SELIC, o país segue liderando o ranking mundial de juros reais, com uma taxa de 5,1% (descontada da taxa de 11% a inflação dos últimos 12 meses). Somente um corte de 3,5 pontos percentuais retiraria do Brasil da 1ª posição entre os maiores pagadores de juros do mundo (ranking que envolve 40 países). A próxima reunião do COPOM acontecerá nos dias 17 e 18 de janeiro de 2012, e uma continuidade na redução da taxa de juros ajudaria o governo a economizar com o custo da dívida pública federal (remunerada pela SELIC) e no comportamento do mercado de câmbio, contribuindo para moderar um avanço na valorização do Real frente ao Dólar. O Boletim Focus, do Banco Central, projeta para o final de 2012 a taxa SELIC em 9,75%.
  • IPCA de novembro fica em 0,52%: Índice que mede a inflação oficial brasileira voltou a se acelerar em novembro, passando de 0,43% em outubro para 0,52% neste último mês. Com isso, o resultado em 2011 aponta uma inflação acumulada de 5,97%, acima da taxa de 5,25% verificada no mesmo período do ano passado, praticamente 1,5% acima do centro da meta estipulada pelo governo para o ano, que era de 4,5%. Considerando os últimos 12 meses, o IPCA situa-se em 6,64%. A expectativa do Banco Central é de que o IPCA encerre 2011 em até 6,5%, no topo da meta de inflação estipulada pelo próprio governo. O avanço do IPCA em novembro não condiz com o discurso do Banco Central de que a inflação está sob controle e em desaceleração por causa da crise econômica mundial e o baixo crescimento econômico brasileiro. A inflação parece estar ancorada no crédito interno, estimulado pelo próprio governo para aquecer a economia. Como o Banco Central deve manter a estratégia de continuar reduzindo a taxa SELIC em 2012, a solução poderia ser, justamente, segurar um pouco mais o crédito. Trata-se de uma decisão difícil e controversa, mas a prioridade deveria ser controlar a inflação ou fomentar o crescimento econômico? Para refletir...
  • Grupos ‘Alimentação e Bebidas’ e ‘Despesas Pessoais’ foram os vilões da inflação em novembro: Os preços dos ‘Alimentos e Bebidas’ (de 0,56% em outubro para 1,08% em novembro) causaram impacto de 0,25 ponto percentual no IPCA, com destaque para as carnes. Nas ‘Despesas Pessoais’ (de 0,22% em outubro para 0,88 em novembro), os destaques foram serviços de manicure, cabeleireiro e costureira.
  • Banco Central mantém previsão de inflação para 2011 em 6,50%: Através de seu último Boletim Focus de novembro, o Banco Central manteve a projeção para a inflação brasileira em 2011 (com base no IPCA), de 6,50%, feita no início do mês. Para 2012, a projeção é de 5,49% (queda de 0,10 ponto percentual em relação à previsão do início do mês, que era de 5,59% para o próximo ano).
  • IGP-M desacelera pouco em novembro: O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), a chamada “inflação do aluguel”, desacelerou pouco em novembro, atingindo 0,50% no mês, frente 0,53% verificado em outubro. A taxa ficou dentro das estimativas dos analistas do mercado. No ano, o IGP-M acumula alta de 5,22%, e de 5,95% nos últimos 12 meses. A projeção do Banco Central, em seu último boletim Focus de novembro, aponta o IGP-M encerrando 2011 em 5,75%, 0,03 ponto percentual abaixo da previsão feita no final de outubro (5,78%). Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), em novembro houve desaceleração do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), de 0,68% para 0,52%, mas aceleração nos outros dois índices que compõem o IGP-M – alta de 0,43% no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), ante 0,26% verificado em outubro, e alta de 0,50% no Índice Nacional de Custo da Construção Civil (INCC), frente a 0,20% verificado no mês passado.
  • Inadimplência aumenta 5,9% em outubro: Conforme apontou o indicador da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC Brasil, o número de consumidores inadimplentes incluídos no Serviço de Proteção ao Crédito registrou aumento de 5,9% em outubro frente a setembro deste ano. Em comparação a outubro do ano passado, a alta foi de 4,78%. No acumulado do ano, a alta é de 5,21%, sendo tal resultado reflexo do ciclo de aperto monetário empreendido pelo Banco Central até julho, e a conseqüente aplicação contínua dessa medida no custo médio do crédito praticado pelo mercado.
  • País gerou 126.143 novas vagas de emprego em outubro: Segundo os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram criados no Brasil, em outubro, 126.143 novas vagas de emprego com carteira assinada. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a geração de empregos no Brasil recuou 38,4%, sendo este o pior resultado para outubro desde 2008. No acumulado do ano até outubro, foram criadas 2.241.574 novas vagas, sendo este montante também abaixo do resultado registrado em igual período de 2008, quando foram criados 2.337.161 de empregos com carteira assinada. Como projetado por este boletim desde julho, a meta deste ano ficará abaixo dos 2,5 milhões de novos empregos gerados. O próprio governo, que inicialmente projetava 3 milhões de novos empregos formais no Brasil em 2011, reduziu sua meta para 2,7 milhões, e agora já admite um saldo em torno de 2,4 milhões. Especificamente com relação aos dados do mês de outubro, os principais setores responsáveis pela expansão do emprego no Brasil foram os Serviços (+77.201 novos postos), o Comércio (+60.878 novos postos), a Construção Civil (+10.298 novos postos) e a Indústria da Transformação (+5.206 novos postos). O que se observa, de fato, é que a crise internacional e a perspectiva de baixo crescimento da economia brasileira para os próximos meses já está afetando o mercado de geração de empregos no país.
  • Economia mundial está à beira de uma nova e profunda recessão do emprego: Esta é a conclusão do “Relatório sobre o Trabalho no Mundo 2011: os mercados a serviço do emprego”, divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Segundo o estudo, o mercado de trabalho no mundo se encontra no limite de seis meses que leva para uma desaceleração econômica impactar o emprego. Ainda conforme o relatório, 2/3 das economias avançadas e metade das economias emergentes e em desenvolvimento já atravessam um movimento de desaceleração do emprego (como já podemos observar no Brasil). A OIT calcula que nos próximos dois anos a economia mundial teria de criar 80 milhões de postos de trabalho para que o cenário retomasse os índices verificados antes da crise financeira internacional de 2008. Destas vagas, 27 milhões teriam que ser criadas nos países desenvolvidos, fato que se mostra cada vez mais difícil de acontecer. Segundo a entidade, se foram mantidas as tendências atuais, seriam necessários pelo menos cinco anos para que o emprego voltasse aos níveis anteriores à crise nas economias avançadas, um ano depois do previsto pela própria OIT no relatório do ano passado. Uma das conseqüências do aumento do desemprego é o correspondente aumento da tensão social em todo o mundo. Alguns dados corroboram esta perspectiva: em mais de 45 dos 118 países industrializados a tensão social vem aumentando, e 69 países registraram aumento no percentual de cidadãos que perceberam uma piora no seu nível de vida em 2010 comparado com 2006. Como soluções, a OIT defende o fortalecimento de programas em favor do emprego e investimento na economia real, além de aumentos nos salários do trabalhador.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

TERMÔMETRO ECONÔMICO - Outubro de 2011


Produzido por Frederico Mafra
Consultor Sênior da Global ON Consultores Associados e Professor do IBMEC

O mês de outubro destaca a volta da valorização do Real frente ao Dólar, face às notícias positivas quanto aos efeitos da crise econômica na Europa. O COPOM mantém sua estratégia de redução gradual da taxa SELIC para o final do ano, e os principais indicadores de inflação no país apresentam sinais de desaceleração. Outros indicadores de outubro: PIB (novas estimativas de redução para 2011 e 2012, confirmando a tendência de desaceleração da economia brasileira), inadimplência (reduzindo-se pela 1ª vez após 6 altas consecutivas) e mercado de trabalho (com saldo positivo no mês, mas bem abaixo do desempenho obtido em 2010).
  • Real volta a se valorizar fortemente em relação ao Dólar em outubro: Depois de ter apresentado alta desvalorização perante o Dólar no mês de setembro, o Real voltou a se valorizar fortemente em outubro. No final de setembro valia R$ 1,8800, mas fechou outubro cotado a R$ 1,704. Com isso, o Dólar encerra o mês com queda acumulada de 9,93%, e valorização em 2011 de apenas 3,21% (chegou a ser de mais de 14% no mês passado). O Real também se valorizou perante o Euro, fechando o mês de outubro em R$2,3610, ante R$2,4938 verificado em setembro. Especificamente com relação ao Dólar, a previsão para a taxa de câmbio, feita pelo Banco Central para 2011, está em R$ 1,75, conforme o último Boletim Focus de outubro, mas a previsão do mercado é que volte a cair para algo em torno de R$ 1,70. Para 2012, a nova taxa de câmbio passou de R$ 1,70 (início de outubro) para R$ 1,75 (final de outubro). De acordo com analistas de mercado, o acordo entre os líderes europeus para combater a crise da dívida na região trouxe de volta a tranqüilidade aos mercados, amenizando temores quando a um contágio da crise pela Europa e seus efeitos sobre a economia global, favorecendo o retorno dos investimentos a países com fundamentos sólidos e elevados rendimentos, como o Brasil. Além disso, os agentes econômicos tendem a olhar com mais atenção a taxa básica de juros da economia brasileira, que mesmo em processo de queda, ainda é uma das maiores (e mais atrativas) do mundo. Apesar dos investidores acreditarem em, pelo menos, mais duas quedas de 0,5 ponto percentual até o início de 2012, a SELIC remunera os títulos públicos, atraindo mais investidores estrangeiros, e dessa forma, mais dólares para o país, fortalecendo a valorização do Real (ou a desvalorização da moeda americana frente ao Real).
  • COPOM reduz mais uma vez a taxa SELIC para 11,50% ao ano: Na última reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM), realizada em 18 e 19 de outubro, a taxa SELIC foi reduzida mais uma vez em 0,50 ponto percentual, chegando a 11,50% ao ano, e dando seqüência à estratégia do Banco Central de reduzir os juros para estimular o crescimento econômico e mitigar os efeitos da crise econômica mundial no país. Tal redução já era esperada pelo mercado. O governo e o próprio Banco Central continuam defendendo a tese de que se desenha um cenário de convergência da inflação brasileira para a meta em 2012, algo ainda controverso entre os economistas e especialistas do mercado. O que de fato se observa é que o Banco Central sinaliza, infelizmente, uma maior tolerância com a inflação, acreditando que os principais indicadores que medem a variação dos preços no país devem começar a cair neste último trimestre. E os analistas do mercado ainda acreditam que esse movimento de redução da SELIC pode ser seguido por novas quedas, caso a perspectiva sobre o PIB continue apresentando desaceleração econômica. Mesmo com a decisão de se reduzir mais uma vez a taxa SELIC, o Brasil mantém a 2ª posição no ranking mundial dos maiores juros nominais, envolvendo 40 países. O país só perde para a Venezuela, com taxa de 17,37% ao ano. Mas com relação aos juros reais, o Brasil se mantém no topo da lista, com taxa de 5,5% ao ano. O boletim Focus, do Banco Central, projeta para o final de 2011 a taxa SELIC em 11,00%. A próxima reunião do COPOM, a última de 2011, acontecerá nos dias 29 e 30 de novembro.
  • O que há de positivo e negativo na decisão de se reduzir a taxa de juros: Com relação à estratégia do Banco Central em reduzir gradativamente a taxa de juros no país, alguns analistas destacam pontos positivos, como uma maior economia, por parte do governo, com o custo da dívida pública federal (remunerada pela SELIC), e o comportamento do mercado de câmbio, que tende a ser mais moderado frente ao avanço da valorização do Real perante o Dólar. Por outro lado, entretanto, há alguns pontos negativos, como já destacados em várias edições deste boletim. O principal refere-se, justamente, à mudança de postura do Banco Central em não mais tentar garantir a estabilidade de preços via ajuste na taxa de juros. Como os indicadores de inflação no Brasil ainda não apresentaram sinais de desaceleração contundente, tais decisões de corte na taxa SELIC demonstram, claramente, uma mudança de postura, com maior tolerância à inflação, em prol de maior crescimento. Essa linha de pensamento é defendida pelo Ministro da Fazenda, Guido Mantega, cuja influência política sobre o Banco Central é evidente neste governo da presidente Dilma (diferentemente do que ocorria no governo do ex-presidente Lula, quando Henrique Meirelles, então presidente do Banco Central, demonstrava total autonomia perante a pressão política do Ministro da Fazenda).
  • IPCA-15 de outubro fica em 0,42%: Prévia do índice que sinaliza a inflação oficial brasileira (IPCA) apresentou desaceleração em outubro, passando de 0,53% verificado em setembro para 0,42% neste mês. Com isso, o resultado em 2011 aponta uma inflação acumulada de 5,48%, bem acima da taxa de 4,17% verificada no mesmo período do ano passado. Considerando os últimos 12 meses, o IPCA-15 situa-se em 7,12%. Os grupos de produtos que apresentaram maior aumento, entre setembro e outubro, foram ‘Habitação’ (de 0,49% para 0,85%) e ‘Saúde e Cuidados Pessoais’ (de 0,40% para 0,47%). Já os grupos que apresentaram maior redução foram ‘Vestuário’ (de 1,00% para 0,38%), ‘Alimentação e Bebidas’ (de 0,72% para 0,52%) e ‘Despesas Pessoais” (de 0,52% para 0,22%).
  • Banco Central reduz previsão de inflação em 2011 para 6,50%: Através de seu último Boletim Focus de outubro, o Banco Central reduziu a projeção para a inflação brasileira em 2011 (com base no IPCA), de 6,52%, feita no início do mês, para 6,50%, feita no final do mês. Para 2012, a projeção é de 5,59%.
  • IGP-M desacelera para 0,53% em outubro: O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), a chamada “inflação do aluguel”, desacelerou em outubro, atingindo 0,53% no mês, frente 0,65% verificado em setembro. O IGP-M acumula alta de 4,70% em 2011, e nos últimos 12 meses, é de 6,95%. A projeção do Banco Central, em seu último Boletim Focus de outubro, aponta o IGP-M encerrando 2011 em 5,80%, baixa em relação à projeção feita no final de setembro, de 5,82%. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), em outubro houve desaceleração do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), de 0,74% para 0,68% e do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), de 0,59% em setembro para 0,26% neste mês, mas aceleração do Índice Nacional de Custo da Construção Civil (INCC), de 0,14% para 0,20%.
  • Banco Central reduz estimativa para o PIB em 2011: De acordo com o último Boletim Focus de outubro, o Banco Central reduziu mais uma vez a previsão do PIB para 2011, de 3,51%, verificada no início de outubro, para 3,29% no final deste mês. Para 2012, a projeção também é de queda, de 3,70%, feita no início do mês, para 3,50% neste último Boletim Focus. Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu em 0,3 ponto percentual a projeção de crescimento do Brasil para 3,8% neste ano. De acordo com as previsões, o Brasil terá o segundo menor crescimento da América do Sul, ficando atrás somente da Venezuela e abaixo da média da região. A taxa média de crescimento no mundo está estimada em 4% pelo FMI. Em 2012, o Fundo afirma que o Brasil deve crescer 3,6%, enquanto a economia mundial vai avançar a uma taxa também de 4%. O Ministério da Fazenda também deve reduzir sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano para algo entre 3,5% e 4%, no próximo Decreto Orçamentário que sai em novembro. A estimativa oficial até então considerava crescimento de 4,5% para 2011, bem acima do esperado pelo mercado e pelo próprio Banco Central. Para 2012, o governo ainda trabalha com previsão de expansão de 5%, mas até mesmo esta projeção está sujeita a reavaliações durante a tramitação do Orçamento do ano que vem no Congresso.
  • Inadimplência do consumidor cai 3,0% em setembro: Conforme pesquisa da SERASA, a inadimplência do consumidor caiu 3,0% em setembro, na comparação com agosto. Foi a primeira queda mensal do índice, após seis altas consecutivas. No acumulado do ano, a inadimplência repetiu o mesmo índice observado em agosto, de 23,4%, e em comparação com setembro de 2010, registrou alta de 23,3%. De acordo com os economistas da SERESA, a antecipação do 13º salário dos aposentados, a redução dos juros da economia e a menor quantidade de dias úteis de setembro, frente a agosto, fizeram com que a inadimplência apresentasse recuo neste mês. As dívidas não bancárias (cartões de crédito, financeiras, lojas em geral e prestadoras de serviços como telefonia e fornecimento de energia elétrica e água) apresentaram queda de 3,3%; os cheques sem fundos caíram 10,3%; as dívidas com bancos declinaram 0,9%; e os títulos protestados apresentaram queda de 13,9%. Já os dados do Banco Central apresentaram estabilidade no nível de inadimplência em setembro, na comparação com agosto, registrando 6,8% do total das operações. Dessa forma, a taxa se mantém como a mais alta desde março de 2010. Na comparação com setembro de 2010, houve alta de 0,8 ponto percentual. As dívidas vencidas de 15 a 90 dias representaram 6,4% das operações, tendo subido 0,2 p.p. em relação a agosto, e 1,1 p.p. maior quando comparado com setembro de 2010. Já a inadimplência com cheque especial e aquisição de bens registraram queda de 0,2 p.p. cada uma, ficando em 9,4% e 13,7%, respectivamente. E a inadimplência da modalidade crédito pessoal encerrou o mês em 5,0%, mesmo patamar de agosto.
  • País gerou 209.078 novas vagas de emprego em setembro: Segundo os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram criados no Brasil, em setembro, 209.078 novas vagas de emprego com carteira assinada. Apesar do saldo ter sido superior ao verificado no mês de agosto (190.446 novas vagas), ficou abaixo dos 246.875 postos de trabalho gerados em setembro de 2010 (queda de 15%), confirmando a desaceleração na dinâmica do emprego no Brasil, e as projeções feitas por este boletim de que a meta deste ano ficará abaixo dos 2,5 milhões de novos empregos gerados. Para o Ministro do MTE, Carlos Lupi, entretanto, a meta do governo continua sendo de 2,7 milhões de novos empregos para 2011 (a meta anterior era de 3 milhões). E para chegar nesta meta, o país deverá apresentar uma média de abertura de novos postos de trabalho de 207 mil, de outubro a dezembro. Especificamente com relação aos dados do mês de setembro, os principais setores responsáveis pela expansão do emprego no Brasil foram os Serviços (91.774 postos), a Indústria de Transformação (66.269 postos), o Comércio (42.373 postos) e a Construção Civil (24.977 postos). O resultado de setembro de 2011 foi o pior para o mês em cinco anos. Para o Ministro Lupi, mesmo assim os dados ainda são positivos, pois estão sendo gerados novos empregos em meio à crise econômica internacional e à crescente competitividade da indústria da transformação com produtos importados. E elogiou a estratégia do COPOM de manter a trajetória de queda da taxa SELIC para as próximas reuniões, como fator para estimular a criação de empregos, ao invés do investimento especulativo. No acumulado do ano até setembro, já foram criadas 2.079.188 novas vagas de emprego no país.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

TERMÔMETRO ECONÔMICO - Setembro de 2011

Produzido por Frederico Mafra
Consultor Sênior da Global ON Consultores Associados e Professor do IBMEC

O mês de setembro destaca a forte valorização do Dólar perante o Real, modificando a trajetória observada desde o início do ano até agora. Outros indicadores de setembro: inflação (com maior crescimento e expectativa cada vez mais forte de pressão para o final do ano), PIB (com novas estimativas de redução para 2011 e 2012, demonstrando sinais claros de desaceleração), inadimplência (em elevação), e mercado de trabalho (com novas projeções indicando que talvez o saldo de 2011, apesar de positivo, não alcance o patamar verificado em 2010).
  • Desvalorização do Real marca o mês de setembro: Ao contrário do que vinha acontecendo durante todo o ano de 2011, o Real se desvalorizou em setembro perante o Dólar, saindo de R$ 1,5864 no final de agosto para R$ 1,8800 no final de setembro. Com isso, a moeda americana se tornou a principal aplicação do mês, com ganho de 16,26%, e garantindo até o fechamento deste boletim, ganho de 13,78% no ano. O Euro também se valorizou perante o Real, fechando o mês de setembro em R$ 2,4938, ante R$ 2,2851 verificado em agosto. Especificamente com relação ao Dólar, a previsão para a taxa de câmbio, feita pelo Banco Central para 2011, aumentou para R$ 1,73, conforme o último Boletim Focus de setembro. E para 2012, a nova taxa de câmbio passou de R$ 1,65 (início de setembro) para R$ 1,70 (final de setembro).
  • Seis razões que explicam a valorização do Dólar em setembro: Algumas razões explicam esta mudança na taxa de câmbio, e a forte desvalorização da moeda brasileira. Em primeiro lugar, a busca por ativos mais seguros, como títulos do governo americano e Dólar, devido às turbulências verificadas nas bolsas de todo o mundo, principalmente pelas más notícias produzidas na Zona do Euro. Em segundo lugar, há uma tendência de saída de recursos do Brasil para capitalização das empresas no exterior (multinacionais), e essa falta de liquidez pressiona a alta da moeda americana. Em terceiro lugar, existe a própria especulação do mercado, que se aproveita desse momento para também influenciar na taxa de câmbio. Em quarto lugar, acredita-se que o Dólar estava muito barato e que a alta deste mês faz parte de um ajuste natural, sendo o valor de R$1,80 o novo piso do mercado. Em quinto lugar, alguns economistas afirmam que, na realidade, não é o Dólar que se fortaleceu, mas sim o mundo que ficou mais fraco, e com isso, há uma procura maior pelo Dólar, moeda que historicamente sempre foi forte. E em último lugar, o corte na taxa de juros SELIC, feito pelo governo brasileiro na última reunião do COPOM (Comitê de Política Monetária), tornou o país um pouco menos atraente para o Dólar dos investidores estrangeiros, dada a remuneração que ficou menor. Como a tendência (infelizmente) é que o governo continue cortando juros, o país fica cada vez menos atrativo para o Dólar, tornando-o, em contrapartida, mais forte.
  • Dólar mais forte deve deixar Natal mais caro para os consumidores: As mercadorias importadas possivelmente chegarão às prateleiras das lojas mais caras neste Natal, devido à forte valorização do Dólar verificada em setembro. Vestuário, alimentos, bebidas, ornamentos natalinos trazidos da China e produtos fabricados com componentes importados (como aparelhos de informática e eletrônicos) são alguns dos tipos de produtos que deverão estar mais caros a partir de agora. Analistas do mercado ainda não têm clareza de quanto será este aumento, até porque as empresas não sabem em que ponto a taxa de câmbio irá se estabilizar, além dos repasses dependerem do poder de negociação de cada varejista e do interesse de cada indústria em ganhar participação de mercado e/ou lucrar com o Natal. Vale ressaltar que a possível elevação dos preços será mais um componente a pressionar a inflação no final do ano.
  • IPCA de setembro fica em 0,53%: Índice que mede a inflação oficial brasileira continua subindo, e em setembro apresentou variação positiva de 0,53%, ante 0,37% verificado em agosto, e 0,16% em julho. Com isso, o resultado em 2011 aponta uma inflação acumulada de 4,97%, bem acima da taxa de 3,60% verificada no mesmo período do ano passado. Além disso, já ultrapassou o centro da meta estipulada pelo governo para o ano, que era de 4,50%. Considerando os últimos 12 meses, o IPCA situa-se em 7,31%, o mais alto desde maio de 2005. Fica evidente que a análise feita pelo Banco Central de que a inflação não iria se acelerar no final de 2011 foi, no mínimo, equivocada, e que a decisão de corte de 0,50 ponto percentual na taxa SELIC caracteriza-se cada vez mais como uma decisão política, e não apenas econômica.
  • Grupos ‘Transportes’ e ‘Alimentação e Bebidas’ foram os vilões da inflação em setembro: Os transportes aumentaram 0,78% em setembro, e contribuíram com 0,15 ponto percentual no IPCA do mês, sendo as passagens aéreas o produto que exerceu o principal impacto. Destaque também para a alta dos preços dos combustíveis e seguros. Já os preços dos alimentos e bebidas aumentaram 0,64% em setembro, também causando impacto de 0,15 ponto percentual no IPCA. Vários produtos ficaram mais caros, com destaque para o feijão carioca, açúcar refinado e cristal, frango e leite. Com relação a este grupo de produtos, especificamente, o governo já demonstra preocupação com a pressão no índice de inflação que se desenha para o final do ano, dado o período de entressafra na produção de grãos, carne bovina, cereais e etanol, as recentes quebras de safra, sobretudo na produção de trigo e milho de inverno, os baixos estoques mundiais e a firme demanda externa por commodities. Outros grupos que também influenciaram o IPCA de setembro foram ‘Habitação’ (com destaque para o gás de botijão, a taxa de água e esgoto e os aluguéis residenciais), ‘Vestuário’ e ‘Despesas Pessoais’ (com destaque para os salários dos empregados domésticos). Já o grupo ‘Artigos de residência’ apresentou queda de -0,01%.
  • Banco Central aumenta previsão de inflação em 2011 para 6,52%: Através de seu último Boletim Focus de setembro, o Banco Central elevou a projeção para a inflação brasileira em 2011 (com base no IPCA), de 6,38% feita no início do mês, para 6,52% no final do mês. Para 2012, a projeção é de 5,53%, sendo que esta tem aumentado pela 5ª semana consecutiva. De acordo com o próprio Banco Central, a probabilidade da inflação estimada para o Brasil em 2011 ultrapassar o teto da meta do governo, que é de 6,5%, subiu de 22% para 45%. Para o mercado, a chance do IPCA superar o teto da meta neste ano avançou de 18% para 44%.
  • IGP-M acelera para 0,65% em setembro: O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), a chamada “inflação do aluguel”, se acelerou para 0,65% em setembro, ante 0,44% verificada em agosto. O IGP-M acumula alta de 4,15% em 2011, e nos últimos 12 meses, é de 7,46%. A projeção do Banco Central, em seu último Boletim Focus de setembro, aponta o IGP-M encerrando 2011 em 5,82%, alta de 0,21% em relação à projeção feita no final de agosto (de 5,61%). Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), em setembro houve aceleração do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) –0,74% - e do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) – 0,59% -, e recuo do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) – 0,14%, frente a 0,16% verificado em agosto.
  • Banco Central reduz estimativa para o PIB em 2011: De acordo com o último Boletim Focus de setembro, o Banco Central reduziu mais uma vez a previsão do PIB para 2011, de 3,67% verificada no início de setembro, para 3,51%. Para 2012, a projeção também é de queda, de 3,84% feita no início do mês, para 3,70% neste último Boletim Focus. O Ministro da Fazenda, Guido Mantega, ainda continua acreditando numa taxa de crescimento de 4,0% para 2011, apesar de já aceitar rever tais projeções, caso a crise internacional se agrave nos próximos meses.
  • Inadimplência do consumidor aumenta 3,0% em agosto: Conforme pesquisa da SERASA, a inadimplência do consumidor apresentou alta de 3,0% em agosto. No acumulado do ano, a inadimplência acumula aumento de 23,4%, tendo crescido 29,2% em relação ao mesmo período de 2010. Segundo a entidade, os juros elevados no crédito e as compras parceladas feitas no Dia dos Pais impactaram a inadimplência do consumidor em agosto, com o aumento nos registros de dívidas não honradas junto aos bancos e dos cheques sem fundo. De janeiro a agosto, o valor médio das dívidas com títulos protestados subiu 14,8%, enquanto os cheques sem fundo e as dívidas com bancos aumentaram 8,2% e 0,5%, respectivamente, sobre igual período de 2010. Dados do Banco Central também confirmam o aumento da inadimplência: em agosto, o índice apresentou o maior patamar desde janeiro do ano passado – 5,3% -, com os atrasos superiores a 90 dias aumentando 0,1 ponto percentual em relação a julho, bem como a inadimplência para a pessoa física (para 6,7%) e para as empresas (para 3,9%). Para economistas da SERASA, o pagamento da 1ª parcela do 13º salário, no final de novembro, poderá dar um fôlego extra às finanças do consumidor, o qual deverá priorizar o pagamento das dívidas assumidas anteriormente.
  • País gerou 190.446 novas vagas de emprego em agosto: Segundo os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram criados no Brasil, em agosto, 190.446 novas vagas de emprego com carteira assinada. Entretanto, tal resultado ficou bem abaixo do número de empregos criados no mesmo mês do ano passado (299.415 postos), confirmando uma tendência de desaceleração na dinâmica do emprego no Brasil. Os principais setores responsáveis pela expansão do emprego em agosto foram os Serviços (94.398 postos) e o Comércio (44.336 postos). Destaque também para a Indústria de Transformação (35.914 postos) e a Construção Civil (31.613 postos). Apesar disso, todos os setores apresentaram desempenho inferior ao verificado em 2010, especialmente Comércio e Construção Civil, cujos resultados eram fundamentais para o alcance da meta do governo de gerar 3 milhões de novos empregos em 2011. Apesar do resultado positivo observado no mês, confirma-se a análise feita no boletim anterior de que o ritmo de crescimento do emprego no país em 2011 é mais lento em relação a 2010, ano em que o Brasil atingiu, ao seu final, 2,5 milhões de novos empregos. Dessa forma, a probabilidade do governo atingir a meta proposta no início do ano de 3 milhões de novos empregos tornou-se praticamente impossível de ser atingida. A não ser que setembro apresente um saldo positivo extraordinário na geração de novas vagas de emprego, pode-se inferir que, além da meta inicial do governo não ser atingida, o saldo do ano poderá ficar aquém do verificado em 2010.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Os cinco sentidos para fidelizar o consumidor

Mas, para que isso aconteça, é preciso calcular e definir os resultados que quer alcançar !

Amigos, segue matéria publicada no Jornal Hoje em Dia, no dia 16 de setembro de 2011, na seção de Classificados, sobre o tema "Marketing Sensorial", da qual participei como entrevistado. Excelente matéria feita pela jornalista Clarissa Carvalhaes. Recomendo a leitura e a reflexão sobre esta tendência cada vez mais forte do Marketing. Boa semana a todos!


Os cinco sentidos despertam o interesse do mais distinto consumidor. E é por isso que empresas dos mais variados setores vêm investindo no poder do marketing sensorial como um aliado para alavancar vendas e aumentar o número de clientes. Utilizar olfato, paladar, tato, visão e audição como formas de não apenas atrair o público como também fidelizá-lo é receita certa, mas nem sempre fácil de ser colocada em prática.

Especialistas alertam que antes de aderir a essa tática publicitária é preciso calcular e definir os resultados que se quer atingir, já que o principal efeito do marketing sensorial é a personalização. Ou seja, sai de cena o público generalizado e entra no foco, exclusivamente, o cliente específico.

“Não é possível com o marketing sensorial atingir a um público variado. Quando se trabalha com os sentidos,a empresa faz exceções e define o cliente com quem quer trabalhar”, explica o professor do Ibmec e consultor sênior da Global On Consultores Associados, Frederico Mafra.

Segundo ele, o marketing sensorial, ou marketing de experiência, trabalha estratégias por meio dos sentidos. “É uma das maneiras que a marca encontra para fazer com o que o cliente sinta de fato o que ele representa para empresa”, diz, acrescendo que observando cada um dos cinco sentidos é fácil encontrar por aí esse tipo de marketing sendo praticado. “A degustação é um exemplo de marketing sensorial. Quando a marca convida um consumidor em potencial a experimentar o produto - sem o compromisso de compra -, o resultado na maior parte das vezes é positivo: o cliente retorna para adquirir o produto mais tarde”,comenta ele.

Mafra completa afirmando que o consumidor deve se sentir à vontade para decidir. “O mais importante nesse tipo de estratégia é extinguir qualquer pressão para aquisição de um produto. É apenas uma amostra. A empresa apresenta o que está sendo comercializado, mas jamais pressiona por uma compra imediata”.

A visão , um dos sentidos mais explorados pelo meio publicitário, trabalha essencialmente com cores e formas dos produtos. Segundo o consultor, as cores, o tamanho e o formato são logo percebidos, influenciando as emoções mais diretamente. “A cor vermelha, por exemplo, remete à emoção, ao calor e à energia; a azul transmite a sensação de segurança e credibilidade. Sabendo disso, passe a observar as campanhas publicitárias. Qual cor é escolhida por uma seguradora para estampar a logomarca? Geralmente é a azul. E qual delas é eleita, porexemplo, para o lançamento de um carro que tem como proposta atingir a um público esportivo ou de aventura? A cor vermelha”, orienta Mafra.

Para encontrar a cor ideal do produto ou do ambiente de vendas, deve-se levar em conta diversos fatores, mas o principal deles é a opinião do público-alvo, ensina ele. Para tanto, é essencial realizar uma pesquisa de mercado. A partir dela é possível se orientar e prever as possíveis tonalidades mais voltadas para a empresa ou o produto. “Se o empresário conseguir fazer uma ligação direta do seu produto ou empresa com uma determinada cor ou formato, estará possibilitando maior posicionamento frente aos seus concorrentes”.

"É bem provável que você já tenha entrado em uma loja de roupas de cama e sentido um perfume agradável, como se estivesse acabado de sair do banho. Isso é puro marketing: o consumidor entrar em um ambiente e associá-lo imediatamente a algo aprazível. O cheiro característico faz lembrar a marca. É sentir aquele cheiro, em qualquer outro lugar ou circunstância e pensar: nossa, isso me lembra aquela loja”, explica o professor do Ibmec e consultor sênior da Global On Consultores Associados, Frederico Mafra.

A Tempero Mídia, especialista em soluções digitais, em parceria com a Coca Cola, implantou uma forma de anunciar produtos por meio da mídia digital olfativa. O diretor Comercial da empresa, Bernardo Dinardi, esclarece que a ferramenta faz com que a comunicação com o consumidor ocorra por meio do olfato aliada à mídia digital. “A técnica do marketing olfativo é mais uma entre as várias técnicas do marketing emocional.

No entanto, o ser humano é capaz de se lembrar de 35% dos odores que sente, enquanto soma-se apenas 5% do que se vê, 2%do que ouvem e 1% daquilo que toca, ou seja, esse novo formato de mídia espera criar uma interação ainda maior entre o consumidor e o produto, aquecendo assim as vendas”, afirma. O primeiro projeto que envolveu o formato foi a linha Del Valle Kapolate, com a essência de chocolate, e Del Valle Mais, com a essência de pêssego. Segundo Dinardi, no período da ação, o volume de vendas do produto anunciado foi três vezesmaior que o comum.

Quanto à audição, Mafra destaca que o ritmo e estilo musical definem exatamente o que a marca ou empresa quer do cliente. “Nas lojas de departamento, por exemplo, são sempre músicas agitadas e aceleradas. As pessoas precisam circular. É como se a loja dissesse: ‘entre, compre e vá embora’. O consumidor segue aquela adrenalina e dificilmente passa muito tempo em uma loja dessas”, comenta. “Já nas lojas de roupa infantil ou joalherias, as canções são lentas, suaves. O consumidor entra e pode passar horas escolhendo sem ver o tempo passar. É como se realmente ele seguisse o ritmo da música e ficasse mais calmo. O cliente é atendido por um vendedor que imediatamente oferece outro produto ou apresenta um modelo novo”.

O último dos sentidos, o tato, é também de extrema relevância. “Atualmente, inúmeras marcas estão investindo nas chamadas ‘lojas conceito’. Nesses locais, as pessoas experimentam e tocam os produtos. São lojas que dispõem, por exemplo, de cozinha montada. O cliente tem acesso a todos os produtos, pode manuseá-los e conhecer suas funções. No entanto, o mais interessante nesses ambientes é que não há comercialização de produtos, apenas demonstração. Ou seja, o ambiente não pressiona, mas segmenta o consumidor”.

Em 2002, uma pesquisa realizada pelo especialista em comportamento do consumidor Michael Solomon constatou que em um restaurante quando os clientes eram tocados pelos garçons davam gorjetas maiores. Em supermercados, os demonstradores quando tocavam de leve os clientes, tinham mais sucesso em convencê-los. “É preciso ter foco no conceito e principalmente nos resultados que quer atingir. Se bem aplicado, o marketing de experiência sempre dará bons resultados”, conclui Mafra.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Termômetro Econômico - Agosto de 2011

Produzido por Frederico Mafra
Consultor Sênior da Global ON Consultores Associados e Professor do IBMEC

O mês de Agosto destaca a surpreendente decisão do Banco Central em reduzir a taxa de juros SELIC, contrariando a grande maioria dos especialistas do mercado, mas confirmando a submissão política da autoridade monetária perante o governo. Destaque também para os dados do PIB referentes ao 2º trimestre de 2011, e a indicação de desaceleração econômica brasileira para os próximos meses. Outros indicadores de agosto: inflação (com alta em agosto e expectativa de pressão para o final do ano), inadimplência (com índices maiores dos que os de 2010), e mercado de trabalho (com projeções cada vez mais certas de que o governo não alcançará a meta de 3 milhões estipulada para 2011).

  • COPOM surpreende o mercado e reduz em 0,50 ponto percentual a taxa SELIC: Na última reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM), realizada entre 30 e 31 de agosto último, foi tomada a decisão de se reduzir a taxa SELIC em 0,50 ponto percentual, chegando a 12,00% ao ano, e indo contra a maioria dos economistas e analistas do mercado, que esperavam, no mínimo, manutenção da taxa em 12,50%. Segundo o Comitê (cuja decisão não foi unânime), os aspectos que mais influenciaram para a redução da SELIC neste momento foram os indícios de deterioração da situação econômica mundial e o desaquecimento da economia brasileira verificado nos últimos meses e esperado para o restante do ano. A expectativa do mercado era de que somente a partir da próxima reunião, a ser realizada entre 18 e 19 de outubro, a taxa SELIC pudesse ser reduzida, gradativamente, contando que a inflação não se acelerasse no último quadrimestre de 2011. Entretanto, as projeções sinalizam que a inflação não se irá se desacelerar neste final de ano, e dessa forma, o esperado nesta última reunião era que o Banco Central mantivesse sua política de controle da inflação via manutenção da taxa de juros.
  • Decisão do COPOM sinaliza mudança na política econômica: Quando o Banco Central decidiu por abaixar em 0,50 ponto percentual a taxa SELIC, ele sinalizou, de fato, uma troca no mecanismo de comando da política econômica brasileira, ou seja, não utilizando a taxa de juros (política monetária) para controle da inflação, mas passando a utilizar o controle de gastos do governo e o aumento de superávit primário (política fiscal) como principais instrumentos de política econômica. O próprio presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, admitiu não estar tão preocupado com a inflação no curto prazo, mas sim com a crise financeira global e seus impactos para a economia brasileira. Ou seja, mudou-se o discurso. Mas admitir uma inflação maior no curto prazo é como abrir a possibilidade da inflação voltar e resolver não ir embora no futuro, ao bel prazer da equipe econômica. Devemos lembrar que a memória inflacionária e a cultura da indexação de preços é ainda presente na sociedade e economia brasileiras; elas só estão adormecidas, mas não extintas. A redução da taxa SELIC significou, na prática, uma decisão política se sobrepondo à decisão técnica e isenta do COPOM / Banco Central, esperada e que vinha ocorrendo até então. Em outras palavras, um Banco Central mais subordinado e menos técnico, e uma crença equivocada de que a inflação estará sob controle daqui para frente.
  • IPCA de agosto fica em 0,37%: Índice que mede a inflação oficial brasileira voltou a subir em agosto (0,37%), ante 0,16% verificado em julho. Com isso, o resultado em 2011 aponta uma inflação acumulada de 4,42%, acima da taxa de 3,14% verificada no mesmo período do ano passado. Considerando os últimos 12 meses, o IPCA situa-se em 7,23%, o mais alto patamar desde junho de 2005, e mantendo-se firme, pelo 5º mês consecutivo, acima do teto máximo estipulado pelo governo para a inflação anual brasileira (que é de 6,50%). O resultado do mês de agosto pressiona, ainda mais, o Banco Central quanto à decisão tomada de redução da SELIC feita no final do mês.
  • Grupo ‘Alimentação e Bebidas’ foi responsável por 45% do IPCA de agosto: Este grupo, que havia apresentado deflação -0,34% em julho, voltou a subiu de forma significativa em agosto, atingindo 0,72% de variação positiva, e causando impacto de 0,17 ponto percentual no índice total do mês (ou 45% deste). Vários produtos deste grupo aumentaram de preço, com destaque para as carnes. Outros grupos que também influenciaram na alta do IPCA de agosto foram ‘Habitação’ (principalmente o aluguel residencial e a taxa de água e esgoto), ‘Artigos de residência’ (com destaque para os eletrodomésticos - refrigerador e máquina de lavar) e ‘Artigos de vestuário’ (principalmente roupas femininas e masculinas, com a entrada da coleção primavera-verão). Já as despesas com o grupo ‘Transportes’ apresentaram queda de -0,11%.
  • Banco Central mantém previsão de inflação para 2011 em 6,38%: Pela 3ª semana consecutiva, o Banco Central, através do seu Boletim Focus, elevou a projeção para a inflação brasileira em 2011 para 6,38%. Vale ressaltar que esta mesma projeção era de 6,28% quatro semanas atrás. Com isso, confirma-se a expectativa do mercado de que a inflação não apresenta tendência de queda, pelo menos no curto prazo, indo contra a análise utilizada pelo governo para reduzir a taxa SELIC.
  • IGP-M volta a subir em agosto: O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), a chamada “inflação do aluguel”, após dois meses em queda, voltou a subir em agosto, fechando o mês em 0,44%, mas dentro das estimativas do mercado, que esperava um índice entre 0,32% e 0,47%. Com isso, o IGP-M acumula alta de 3,48% em 2011, e nos últimos 12 meses, de 8,00%. A projeção do Banco Central, em seu último Boletim Focus, aponta o IGP-M encerrando 2011 em 5,61%, alta de 0,08% em relação à projeção feita no final de julho (de 5,53%). Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), em agosto houve aceleração do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) –0,57% -, do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) – 0,21% -, e do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) – 0,16%.
  • PIB do 2º trimestre cresceu 0,8% e chegou a R$ 1,02 trilhão: O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,8% no 2º trimestre de 2011, em relação ao 1º trimestre, segundo dados publicados pelo IBGE. A soma das riquezas do país alcançou R$ 1,02 trilhão. O índice ficou dentro das expectativas do mercado, e o destaque ficou para o setor de Serviços, que cresceu 0,8% no volume do valor adicionado. As maiores elevações neste setor foram em Serviços de Informação (1,9%), Intermediação Financeira e Seguros (1,6%) e Comércio (1,1%). A Indústria também apresentou avanço de 0,2% no trimestre, com destaque para a expansão verificada na Indústria Extrativa (2,2%). Eletricidade e Gás, Água, Esgoto e Limpeza Urbana, juntamente com Construção Civil, também registraram crescimento de 1,5% e 0,5%, respectivamente. Já a Agropecuária recuou 0,1% no período. Com relação a outros dados relacionados, verificou-se que a taxa de investimento no 2º trimestre foi de 17,8% do PIB, e a taxa de poupança foi de 18,1%.
  • PIB do 1º semestre (acumulado em 2011) já é de 3,6%: No 1º semestre de 2011, o PIB já acumula alta de 3,6%, com destaque para o setor de Serviços (3,7%), seguido pela Indústria (2,6%) e pela Agropecuária (1,4%).
  • Banco Central reduz estimativa para o PIB em 2011: Apesar dos resultados positivos do PIB no 2º trimestre do ano, de acordo com o último Boletim Focus de agosto, o Banco Central reduziu a previsão do mesmo para 3,67% em 2011, ante previsão anterior de 3,94% feita no final de julho. Para 2012, a projeção também é de queda, de 4,00% feita no final de julho para 3,84% feita neste último Boletim Focus. Apesar do governo, em Projeto encaminhado ao Congresso Nacional referente ao Orçamento da União para 2012, considerar o crescimento da economia em 5%, o próprio Banco Central já não considera o alcance nem de 4%. Este, inclusive, foi um dos principais motivos de preocupação, apontados pelo COPOM, para reduzir a taxa SELIC, em prol de estimular a economia a não se desacelerar neste ano e em 2012.
  • Real fecha agosto em R$ 1,5864: O Dólar fechou agosto em R$ 1,5864, ante R$ 1,5540 verificado em julho. Já o Euro fechou o mês a R$ 2,2851, ante R$ 2,2394 em julho. Especificamente com relação ao Dólar, a previsão para a taxa de câmbio, feita pelo Banco Central para 2011, continua em R$ 1,60, conforme o último Boletim Focus de agosto.
  • Inadimplência do consumidor tem alta de 2,9% em julho: Conforme pesquisa da SERASA, a inadimplência do consumidor apresentou alta de 2,9% em julho. No acumulado do ano, a inadimplência cresceu 27,7% em relação ao mesmo período de 2010. Segundo a entidade, os consumidores têm adotado medidas mais cautelosas diante da política econômica, até então, restritiva por parte do governo (de aumento de taxas de juros iniciada no início de 2011). Mesmo com recente o anúncio de corte dos juros, estes ainda se encontram em patamar muito elevado, encarecendo o crédito e as taxas cobradas pelo sistema financeiro. Outros dados demonstram o avanço, mesmo que em ritmo menor, da inadimplência: o crédito tem mantido tendência de expansão, conforme dados do Banco Central; a elevação do índice no mês refletiu o avanço da inadimplência das pessoas físicas, de 6,4% para 6,6%, sendo que entre as empresas ficou estável em 3,8%; os atrasos nos pagamentos acima de 90 dias estão em alta desde o início do ano, confirmando as análises feitas em edições anteriores do Termômetro Econômico de que as pessoas estão tendo que pagar as dívidas contraídas em 2010, além de manterem as despesas correntes em dia (desafio que acaba não sendo cumprido por todo mundo).
  • País gerou 140.563 novas vagas de emprego em julho: Segundo os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram criados no Brasil, em julho, 140.563 novas vagas de emprego com carteira assinada. Os principais setores responsáveis pela expansão do emprego neste mês foram os Serviços (45.961 postos) e o Comércio (28.538 postos). Destaque também para a Construção Civil (25.632 postos) e a Indústria de Transformação (23.610 postos). Entretanto, o resultado de julho ficou abaixo do esperado pelo governo, que tinha expectativa de superar, pelo menos, o número de empregos criados no mesmo mês do ano passado (181.796 postos). Apesar do resultado positivo observado no mês, percebe-se que o ritmo de crescimento do emprego no país tem se apresentado mais lento em relação a 2010, quando o Brasil atingiu, ao seu final, 2,5 milhões de novos empregos. A continuidade desse comportamento em 2011 indica uma baixa probabilidade do governo atingir a meta proposta de 3 milhões de novos empregos neste ano. Dois aspectos referentes ao comportamento do mercado de trabalho deverão ser observados, principalmente, nos próximos dois meses (agosto e setembro). O primeiro refere-se à expectativa de desempenho expressivo na criação de empregos neste período, já que estes meses se caracterizam, historicamente, como os maiores geradores de empregos no país no 2º semestre. Caso o desempenho futuro não apresente, no mínimo, resultado igual ao verificado em 2010, já poderá ser dado como certo o não atingimento da meta do governo de criar 3 milhões de novos empregos até o final do ano. O segundo aspecto refere-se ao comportamento que os setores de Comércio e Construção Civil terão daqui pra frente. Historicamente, o Comércio é o setor que mais aquece o mercado de trabalho a partir do último quadrimestre do ano. E a Construção Civil carrega a expectativa de se manter aquecida pelos próximos meses. Qualquer desempenho diferente destes, relacionado a estes dois setores, poderá também contribuir para o não atingimento da meta global esperada pelo governo. Agosto e setembro serão, portanto, decisivos no resultado final de 2011. No acumulado do ano, já foram gerados 1.593.527 novos empregos (considerando a série ajustada, que incorpora as informações declaradas fora do prazo).


sábado, 3 de setembro de 2011

Banco Central reduz a taxa SELIC: o que isso realmente significa?

Autor: Frederico Mafra, Professor do IBMEC e Consultor Sênior da Global On Consultores Associados
Postado em www.fredericomafra.blogspot.com e www.globalonconsultoria.blogspot.com

Em reunião realizada no último dia 31 de agosto, o Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central decidiu cortar em 0,5 ponto percentual a taxa SELIC, passando-a de 12,50% para 12,00% ao ano. Segundo o Comitê (cuja decisão não foi unânime), os aspectos que mais influenciaram para a redução da SELIC neste momento (já que vários analistas do mercado não esperavam uma queda tão forte já nesta reunião) foram os indícios de deterioração da situação econômica mundial e o desaquecimento da economia brasileira verificado nos últimos meses e esperado para o restante do ano.

Analisando o fato de maneira isolada, poder-se-ia concluir que a decisão de se reduzir a taxa básica de juros da economia (SELIC) foi acertada. O Brasil apresenta, atualmente, uma das maiores taxas de juros do mundo, e quanto mais alta esta taxa, maiores os custos para financiamento e crédito, e maiores os aumentos conseqüentes na dívida brasileira.

Entretanto, se analisarmos esta decisão de uma maneira mais sistêmica e abrangente, chegaremos à conclusão de que outros fatores, não tão técnicos, também exerceram influência na queda da SELIC. Vamos detalhá-los a seguir, e ao final, você leitor poderá tirar suas próprias conclusões a respeito.

Em primeiro lugar, é importante lembrar que o foco principal da busca da estabilidade econômica no país, e que sempre foi o pilar do Plano Real, é o controle da inflação. A partir dele, as demais políticas econômicas eram definidas. Se considerarmos o 2º mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os oito anos do ex-presidente Lula, a meta principal do governo, sob o ponto de vista econômico, sempre foi a estabilidade decorrente do controle da inflação. Para isso, o país adota há anos um sistema de metas de inflação, cujo principal instrumento de combate a possíveis momentos de aceleração inflacionária é a taxa de juros (em outras palavras, instrumento de política monetária). E, de maneira bem simples, funciona assim: se a inflação demonstra sinais de aceleração, aumenta-se a taxa de juros para tentar frear o consumo interno do país e, conseqüentemente, o ritmo de crescimento da economia, fazendo com que os preços se mantenham constantes e, com isso, que a inflação se estabilize. Se a inflação desacelera, o governo pode baixar as taxas de juros para estimular a economia, focando em maior crescimento sem que este gere impacto na inflação.

Isto posto, precisamos então entender melhor o que o Banco Central, em sua decisão, quis dizer sobre a desaceleração econômica brasileira e a tendência futura da inflação no país.

É fato que a economia brasileira deverá crescer menos este ano. Alguns dados já projetam crescimento de menos de 4% para 2011. Mas com relação à inflação, as projeções não são de queda, mas sim de maior pressão (ou, em outras palavras, maiores chances de aumento) para o final do ano. Segundo diversos especialistas, a economia brasileira ainda enfrenta riscos inflacionários neste 2º semestre de 2011, e a desaceleração do ritmo de atividade observada nos últimos meses não é forte suficiente para justificar um corte da taxa SELIC, como o ocorrido agora. Para ilustrar, os economistas apontam alguns fatores que ajudam a, no mínimo, manter a atual pressão sobre inflação para o final do ano. Dentre eles, estão:
  • O crescimento da concessão de crédito a pessoas físicas, que aumentou 2,2% nos últimos 12 meses;
  • As vendas do varejo, que aumentaram 7,1% até junho deste ano, quando comparadas com o mesmo período do ano passado;
  • A dinâmica do mercado de trabalho interno, que continua empregando mais do que demitindo, com redução gradativa da taxa de desemprego (em julho, a taxa de desemprego chegou a 6%, segundo o IBGE, o menor nível para o mês em nove anos); 
  • O crescimento de 2,2% na renda real dos trabalhadores em julho, quando comparada com junho deste mesmo ano;
  • Os reajustes salariais concedidos e a serem concedidos em 2011, sendo praticamente 90% deles acima da inflação oficial;
  • A alta do preço do etanol, das carnes bovinas e do cigarro (só este último deverá pressionar em 0,2 ponto percentual a inflação a partir de novembro, dado o aumento do IPI já determinado pelo governo);
  • A dinâmica da inflação de serviços, que já cresceu 9% só neste ano, mostrando maior resistência à queda em função do emprego e da renda.

Tudo isso, junto, continuará contribuindo para uma demanda interna forte e um aumento da resistência inflacionária. Em outras palavras, haverá dificuldade para que a inflação caia, pelo menos no curto prazo. No próximo dia 6 de setembro sairão os dados do IPCA de agosto, e já é esperado pelo mercado que o índice apresente elevação em relação a julho, ultrapassando 7% no acumulado dos últimos 12 meses, reforçando as críticas sobre a decisão do COPOM de abaixar a taxa de juros, acreditando que a inflação no Brasil irá desacelerar.

Portanto, quando o Banco Central decide por abaixar 0,5 ponto percentual a taxa SELIC, ele sinaliza, de fato, uma troca no mecanismo de comando da política econômica brasileira, ou seja, não utilizando a taxa de juros (política monetária) para controle da inflação, mas passando a utilizar o controle de gastos do governo e o aumento de superávit primário (política fiscal) como principal instrumento de política econômica.

Traduzindo para o leitor não economista: na prática, o governo acredita que o momento é de controlar os gastos públicos e gerar superávit, reduzindo a taxa de juros e, conseqüentemente, sua dívida pública. O foco principal é não deixar a economia brasileira desacelerar, ou crescer menos que o esperado. Para essa conta fechar, o governo também acredita que a redução dos juros é possível dada a expectativa de queda da inflação para os próximos meses. Entretanto, como já demonstrado, a inflação não apresenta sinais de que vai cair, e aí essa conta do governo na, realidade, não fecha.

Para destoar ainda mais nesta conta que o governo tenta fechar, o projeto encaminhado ao Congresso Nacional relativo ao Orçamento da União para 2012 expande o gasto público muito acima do crescimento do PIB – superestimado em 5%, já que as projeções do próprio Banco Central, em seu último boletim semanal Focus, apontam crescimento do PIB em 2011 de 3,79% e em 2012 de 3,90%. Segundo fontes do próprio governo, entretanto, isso não seria problema, já que historicamente as contas públicas são administradas por decreto, e não pelas previsões orçamentárias. Se isso é verdade, para que serve, então, o Orçamento da União?

Continuando, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, já vinha preparando o mercado para esta possível queda das taxas de juros, dizendo que a crise internacional se desenhava mais preocupante do que se imaginava antes, e que seus efeitos recessivos para a economia brasileira deveriam ser combatidos, sinalizando, portanto, a possibilidade de antecipação do processo de redução de juros no país para estimular a economia.

Neste ponto, precisamos lembrar que o próprio presidente do Banco Central, em seu primeiro discurso como tal, no início do ano, defendeu sua autonomia e imparcialidade na condução da política monetária brasileira, dizendo que a autoridade monetária continuaria tendo como principal meta o controle da inflação no Brasil e a garantia da estabilidade econômica. Ou seja, está claro que a decisão de abaixar os juros, já neste momento, não pode ser atribuída apenas à análise de dados técnicos, mas também a uma pressão política para que ela acontecesse.

Essa hipótese se confirma pelas declarações do Ministro da Fazenda, Guido Mantega, o qual afirmou que, ao contrário de 2008 (auge da crise econômica mundial), quando houve uma reação fiscal mais forte por parte do governo brasileiro, com expansão dos gastos e do crédito públicos, e pouca redução da taxa de juros, dessa vez a composição da política econômica será exatamente o contrário, com a meta fiscal encabeçando as ações do governo, sendo possível, então, reduzir a taxa de juros.

Constata-se, infelizmente, a forte influência política do Ministro Mantega sobre a autoridade e as decisões do Banco Central e de seu presidente Alexandre Tombini, fazendo o país voltar a definir suas políticas econômicas não tanto por critérios estritamente econômicos, mas muito mais políticos (como já ocorrera historicamente no passado). Esse temor já havia sido alertado em outros posts publicados por este autor, ainda em 2010, quando a então vencedora do pleito eleitoral, a atual presidente Dilma, havia nomeado os integrantes de sua equipe econômica. Naquela época, a pergunta que se colocava era se o governo Dilma seguiria à risca a política monetária de aumentar juros para controlar a inflação, ou se adotaria outra postura, aceitando um nível de inflação maior em prol de uma expansão da economia brasileira. E a expectativa do mercado era de que o governo, de fato, adotaria uma postura mais tolerante com a inflação, em grande parte devido à influência do Ministro Mantega sobre o novo presidente do Banco Central. Mas o que estranha é que o então novo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, nomeado pela presidente Dilma, deixou claro em seu primeiro discurso que faria todo o esforço possível para a manutenção da estabilidade econômica, não havendo dúvidas em aumentar a taxa de juros para segurar a inflação, caso fosse necessário.

Agora, o próprio Tombini admite não estar tão preocupado com a inflação no curto prazo, mas sim com a crise financeira global e seus impactos para a economia brasileira. Ou seja, mudou-se o discurso. Mas admitir uma inflação maior no curto prazo é como abrir a possibilidade da inflação voltar e resolver não ir embora no futuro, ao bel prazer da equipe econômica. Devemos lembrar que a memória inflacionária e a cultura da indexação de preços é ainda presente na sociedade e economia brasileiras; elas só estão adormecidas, mas não extintas. “Não cutucar a onça com vara curta” deveria ser o ditado a ser lembrado neste momento.

Não basta o presidente do Banco Central dizer, em seu discurso, que acredita na volta da inflação a patamares menos elevados neste final de ano, e de que em 2012 ela estará no centro da meta de 4,5%. Tecnicamente, todos os fatos já apontados neste artigo demonstram o contrário: de que a inflação não tenderá a cair nos próximos meses, e de que em 2012 tenderá a ser maior do que a meta do governo. O mercado projeta índice de, no mínimo, 5% para o próximo ano, e o próprio Banco Central, em seu boletim Focus, projeta inflação de 5,2% em 2012.

Com relação a 2012, especificamente, temos alguns outros fatores que irão fortalecer a inflação e manter o IPCA acima do centro da meta do governo. São eles:
  • O aumento de quase 14% no salário mínimo previsto para o ano que vem – passando dos atuais R$ 545,00 para R$ 619,21 -, o que deve injetar no consumo das famílias cerca de R$ 9 bilhões adicionais, e dar mais combustível para a inflação, via aumento do consumo interno;
  • Este aumento do salário mínimo representará, para os cofres públicos, acréscimo de R$ 13,3 bilhões.

Para um governo que aponta como política econômica prioritária o corte de gastos e ajuste fiscal, estes dados, no mínimo, irão criar uma dificuldade maior para o governo atingir as metas de inflação previstas. Num pior cenário, o governo poderia ter que lançar mão, novamente, de um aumento da taxa de juros para conter a inflação, o que, na prática, seria admitir um erro estratégico grave na condução da política econômica.

Voltando ao Orçamento da União para 2012, o Projeto de Lei encaminhado ao Congresso projeta, além do crescimento do PIB em 5% (valor superestimado), taxa SELIC de 12,50% até o final do ano que vem, inflação de 4,8% e câmbio a R$1,64. Ou seja, o governo parece projetar seu Orçamento com base em dados fictícios, já que trabalha para a queda gradual da SELIC e projeta inflação, via Banco Central, de mais de 5% ao ano.

Finalizando, o cenário básico futuro, para grande parte dos economistas, é de baixo crescimento econômico com inflação. E se a finalidade do governo é estimular o crescimento via redução de gastos e aumento dos investimentos, por outro lado estará abrindo mão do instrumento de controle da inflação, que é a taxa de juros.

A redução da taxa SELIC significou, na prática, uma decisão política se sobrepondo à decisão técnica e isenta do COPOM / Banco Central que vinha ocorrendo até então. Em outras palavras, um Banco Central mais subordinado e menos técnico, e uma crença equivocada de que a inflação estará sob controle daqui para frente.

Vamos torcer para que o governo esteja certo, e este autor que vos escreve esteja, apenas, um pouco mais pessimista que o governo, para o bem da sociedade brasileira e da economia em geral.







quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Uma nova crise econômica mundial: entendendo suas causas e consequências

Artigo produzido por Frederico Mafra
Consultor Sênior da Global ON Consultores Associados

Uma nova crise econômica mundial se apresenta, e nem bem saímos da crise anterior de 2008. Por que mais uma crise? Trata-se de um efeito de quatro anos atrás? Este artigo vai buscar explicar, em rápidas palavras, o que está acontecendo agora no ambiente econômico internacional, e como isso pode chegar, de fato, à realidade brasileira e impactar a vida do cidadão.

Para começar, é importante destacar que a atual crise que se coloca é, sim, conseqüência dos efeitos da crise de 2008. Naquela época, como forma de minimizar seus impactos, os governos de todo o mundo tomaram medidas que buscaram estimular suas economias, visando aumento ou, no mínimo, manutenção do consumo interno, da produção e do emprego. Dentre as medidas, destaque para: redução das taxas de juros, disponibilização de crédito, subsídios e/ou redução de impostos a setores considerados estratégicos e, principalmente, aumento de gastos públicos.

Tais medidas, entretanto, geraram resultados não tão satisfatórios assim, principalmente nas economias consideradas desenvolvidas, como nos Estados Unidos e alguns países da União Européia. No Brasil, os resultados foram, de certa forma, positivos, e o país conseguiu, de forma rápida, superar a crise e crescer fortemente em 2010, com geração de emprego e renda, e forte consumo interno.

Entretanto, os Estados Unidos e os países europeus continuaram apresentando fraco crescimento econômico, com inflação, desemprego e, principalmente, enormes déficits públicos (sendo este aspecto também observado no Brasil).

Era inevitável que este problema viesse a ser um dos principais desencadeadores da atual crise que se coloca novamente no cenário internacional. Atualmente, países como Grécia, Portugal, Espanha, Itália e Estados Unidos demonstram sinais de dificuldade em cortar gastos públicos para reduzir seus déficits e, ao mesmo tempo, pagarem suas dívidas. O agravante é que as medidas adotadas em 2008 não podem, agora, serem novamente adotadas, pois não há taxas de juros para cortar, não há como os governos aumentarem seus gastos públicos e nem reduzirem impostos, e as economias estão fracas, sem condições de crescerem e gerarem emprego e renda. O cenário agora está pior do que antes.

Tudo isso tem impactado nas avaliações de risco desses países, feitas por instituições internacionais. E quando vários países passam a apresentar maiores riscos para honrar seus compromissos com os investidores e demais parceiros globais, uma crise global tem todas as chances de se instalar, como é o caso agora.

Nas bolsas de valores o reflexo é imediato. Maiores riscos afugentam investidores, que tentam preservar seus ganhos e patrimônio investidos em títulos e papéis de governos e empresas multinacionais, vendendo-os e substituindo-os por outros ativos mais ‘seguros’, como o ouro e moedas mais fortes (mais valorizadas), por exemplo.

E o Brasil, como fica neste contexto de uma nova crise? Nosso país, com certeza, será também afetado, pois é uma economia global, e está inserida neste ambiente. Mas podemos desenhar, neste momento, dois cenários um pouco distintos.

Num primeiro cenário, mais otimista, o Brasil poderia se utilizar de alguns mecanismos já implementados em 2008, diferentemente dos países europeus e dos Estados Unidos que não têm mais esta possibilidade. É possível cortar juros para facilitar novamente o crédito e diminuir o custo de financiamento das empresas e do próprio governo, utilizar o alto nível de reservas para ‘segurar’ a valorização do Real (que tende a se intensificar com a crise), contando ainda com a manutenção do consumo interno como principal pilar de sustentação da economia brasileira, e um nível de geração de empregos que mantenha a renda nacional. Neste sentido, inclusive, a presidente Dilma já mencionou, em seu discurso sobre a nova crise, que conta com a continuidade do consumo interno e da manutenção no ritmo da economia brasileira para os próximos meses, semelhante ao que foi dito pelo ex-presidente Lula quando da crise de 2008.

Num segundo cenário, mais pessimista, podemos ter uma volta da aceleração inflacionária no país, já que uma eventual redução dos juros, agora, poderia estimular o consumo e pressionar, novamente, os preços no mercado interno. Outra conseqüência negativa é uma valorização ainda mais acentuada do Real frente ao Dólar, exigindo do governo medidas ainda mais interventivas no mercado, caracterizando, de fato, uma crise cambial no país. Reflexo desta situação seria sentido na indústria, com a substituição de produtos nacionais por importados, e conseqüente redução de postos de trabalho (desemprego). Além disso, com a crise em caráter global, os produtos nacionais teriam maiores dificuldades em encontrarem mercados compradores, agravando a situação das empresas exportadoras e o próprio resultado da balança comercial brasileira. Por último, todo este contexto poderia gerar um círculo vicioso na economia, com empresas parando de investir, ou cortando gastos, aumento do desemprego, queda na renda nacional, diminuição do consumo interno, queda no crescimento do país, e assim sucessivamente, contribuindo para a constituição de um cenário de recessão futura.

Na realidade, temos que esperar um pouco mais para conseguirmos enxergar, de fato, qual cenário se apresenta mais provável para a economia brasileira no futuro, já que estamos no início desta nova crise, no ‘olho do furacão’, e muita coisa é dita e profetizada neste momento. Mas uma coisa é certa: a forma como o sistema financeiro mundial funcionou até agora terá que mudar; novas regras deverão ser criadas, e o modelo de funcionamento deste sistema não será mais o mesmo daqui para frente. Os países agora, de fato, terão que pensar em uma nova ordem econômica global para os próximos anos, sob o risco de não conseguirem sair da atual crise que se coloca, e ainda ficarem mais vulneráveis a crises futuras.

Se pudesse aconselhar alguém neste momento, diria o seguinte: para o consumidor brasileiro, cautela quanto à ‘tentação’ (ou solicitação do governo) de consumir mais agora do que ele pode pagar. Ou seja, não se endividar mais, e conseguir pagar as dívidas contraídas no ano passado devem ser as prioridades neste instante. Para as empresas, o desafio será conseguir enxergar, em meio à tempestade do mercado, oportunidades. Elas sempre existem, e estão colocadas para aquelas empresas que, num passado recente, souberam planejar suas ações, e têm condições agora de avançarem em meio às dificuldades que muitas outras terão, e que não conseguirão superar.