sábado, 22 de dezembro de 2012

TERMÔMETRO ECONÔMICO - Dezembro de 2013

No mês de dezembro, o Ambiente Econômico apresenta como destaque a confirmação sobre o baixo crescimento econômico brasileiro previsto para 2012, mas com expectativa de aumento para 2013. Além disso, a inflação se mostra cada vez mais pressionada, com perspectivas preocupantes para o próximo ano, o que pode fazer o governo rever sua política de fomento ao crescimento sem segurar a inflação via aumento de juros.
  • IBC-Br inicia o 4º trimestre com alta de 0,36% em outubro: A economia brasileira iniciou o 4º trimestre com expansão de 0,36% em outubro sobre o mês anterior, de acordo com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB). Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o IBC-Br avançou em outubro 3,20%, em 12 meses, acumula alta de 1,21%, de acordo com dados dessazonalizados. O indicador mostrou ainda recuperação em relação a setembro, quando o índice recuou 0,52% segundo dados dessazonalizados. O IBC-Br incorpora estimativas para a produção nos três setores básicos da economia: Serviços, Indústria e Agropecuária. O governo tem defendido que a economia começou a ganhar tração melhor neste final de ano, depois de o PIB ter crescido apenas 0,6% no 3º trimestre, muito abaixo do esperado e deixando claro que a recuperação ainda era bem lenta. O resultado do trimestre passado veio com a pior retração dos investimentos em mais de três anos. Outros indicadores também mostram que a economia pode estar ganhando mais força. Entre eles, as vendas no varejo, que cresceram em outubro pelo 5º mês seguido, com alta mensal de 0,8% ante setembro, no maior ritmo desde julho. A Produção Industrial, setor que vinha mostrando maior dificuldade de recuperação devido à crise mundial, também voltou a crescer em outubro, 0,9% frente a setembro. Ainda assim, permaneceram sinais de que os investimentos no setor não estão se recuperando.
  • Boletim Focus reduz estimativa do PIB em 2012 para 1,00%: De acordo com o último Boletim Focus de 14 de dezembro, o Banco Central reduziu mais uma vez a previsão do PIB para 2012, de 1,27% no início do mês, para 1,00%. Para 2013, a projeção caiu, pela 5ª semana seguida, para 3,40%.
  • Redução de impostos foi a principal aposta para reativar o PIB em 2012: As reduções de impostos em setores específicos marcaram uma virada na condução da política econômica em 2012. Medidas tomadas pelo governo ao longo do ano tinham como alvo o setor produtivo, além de tentar estimular o consumo para preservar uma trajetória satisfatória de crescimento. Mas os efeitos da desaceleração da economia na Europa, nos Estados Unidos e na China, os principais parceiros comerciais do Brasil, aliado a fatores internos, como o baixo ritmo de investimentos, fez o contraponto aos planos do governo. Só no mês de dezembro houve anúncios de desoneração da folha de pagamento de empresas da construção civil e a redução do prazo de incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para operações de financiamento externo. O governo também anunciou investimentos de R$ 54,2 bilhões até 2017 para o setor portuário, via novas concessões, a centralização do planejamento dos portos na Secretaria de Portos, a criação de uma Comissão Nacional de Praticagem e aportes em dragagem e nas estruturas portuárias. Outros R$ 2,6 bilhões serão investidos em acessos hidroviários, ferroviários e rodoviários e em pátios de regularização de tráfego nos 18 principais portos públicos brasileiros. No fim de outubro a presidenta Dilma Rousseff havia decidido prorrogar as alíquotas menores do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) até 31 de dezembro. Em setembro, o governo decidiu adotar medidas para diminuir a conta de energia elétrica dos consumidores comuns, o que agora foi aprovado. As rodovias e ferrovias também ganharam um pacote para tentar solucionar antigos gargalos de logística do país. O plano de concessões anunciado em agosto, de R$ 133 bilhões, teve como objetivo reduzir o Custo Brasil e tornar a economia brasileira mais competitiva. Para 2013, o governo avalia a possibilidade de manter alguns dos estímulos provisórios que deveriam ser retirados a partir de janeiro. Uma das preocupações do governo é com o impacto no crescimento econômico e na inflação decorrente da retirada total dos incentivos no 1º trimestre do ano que vem. Pesa contra a renovação o efeito negativo no comportamento do consumidor de sucessivas renovações de benefícios. Entretanto, na visão deste boletim, o governo tenderá a continuar investindo nessa política, apesar dos efeitos colaterais observados.
  • Dilma diz que redução de impostos será sua maior luta: A presidente Dilma Rousseff afirmou que a redução dos impostos será uma de suas maiores lutas em 2013. "Um jornalista me perguntou: e a economia, presidente? A economia, estamos resolvendo em muitos lugares, baixando juros, fazendo câmbio ser mais real, assegurando redução das tarifas de energia, diminuindo impostos, o que é muito importante. No próximo ano, essa vai ser uma das minhas maiores lutas, a redução de impostos", completou Dilma, que voltou a destacar que quer tornar o Brasil um país de classe média. Ela disse também que é importante destinar recursos dos royalties do petróleo para a área de educação. "Considero importantíssimo que todo dinheiro que tivermos dos royalties, das participações especiais, ou do fundo social vá para educação", disse Dilma. E destacou as peculiaridades da realidade brasileira, que compreende situações de extrema pobreza a investimentos em tecnologia de ponta. Para Dilma, a "ponte" é a educação.
  • Brasil perde posto de 6ª maior economia do mundo: A desvalorização do Real em relação ao Dólar fez o Brasil perder o 6º lugar no ranking das maiores economias do mundo. Considerando o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no 4º trimestre de 2011, e no 1º, 2º e 3º trimestres deste ano, o país voltou para a 7ª posição, atrás do Reino Unido. A atividade econômica brasileira em marcha lenta foi decisiva para que a distância entre os dois países subisse para a casa dos US$ 200 bilhões, o equivalente ao PIB da Romênia. A Economist Intelligence Unit (EIU), responsável pelo levantamento, calcula que a economia do Brasil só voltará a ultrapassar a britânica em 2016. "Segundo nossas estimativas, o país vai continuar crescendo mais do que o Reino Unido ao longo desses anos, mas, levando-se em conta a evolução da taxa de câmbio projetada para o período, o Brasil só voltará a ser 6º em 2016", explicou o economista da EIU responsável pela América Latina, Robert Wood. A EIU, braço de análise da revista britânica Economist, considera no levantamento apenas o PIB nominal dos países (resultado da soma das riquezas produzidas) convertido em Dólar. Por isso, na ‘disputa’ Brasil/Reino Unido, pesou a expressiva desvalorização do Real ante a moeda americana em 2012. Como é inimaginável que o Brasil cresça os quase 16% que compensariam o desempenho das taxas de câmbio no ano, o país perderia a 6ª posição do ranking de qualquer forma. No entanto, se o desempenho da economia brasileira fosse melhor, a diferença entre os dois países seria inferior aos quase US$ 196 bilhões de hoje. O Brasil cresceu 0,7% de janeiro a setembro deste ano, enquanto o Reino Unido registrou estagnação no período. Caso o Brasil tivesse crescido no mesmo ritmo de outros pares latino-americanos, como Chile e Peru, que vêm se expandindo na casa dos 5%, teria encurtado a distância. O PIB nominal em Dólar é apenas uma das métricas usadas para medir o tamanho e o dinamismo de uma economia. "Vários estudos apontam que, quanto maior é uma economia, mais atraente é para investimentos estrangeiros", disse o professor de economia do Insper Eduardo Correia. "Nesse quesito, portanto, o Brasil está bem. Mas em várias outras medidas deixamos a desejar”. Correia lembra que, no ranking do Banco Mundial que mede o PIB per capita, o Brasil ocupa apenas a 75ª posição. "No caso dos rankings que mensuram a qualidade da educação, a situação é ainda pior: o Brasil está no 88º posto”. Independentemente da métrica escolhida, é consenso que o Brasil precisa crescer mais rápido para melhorar as condições de vida da população, o que se refletirá nos diferentes rankings comparativos. "Várias questões que contribuíram para a expansão mais forte do Brasil nos últimos anos não estão mais soprando a favor", disse Wood, referindo-se ao "boom" dos preços das commodities, mercado de trabalho favorável e mudança estrutural no crédito. "Daqui para a frente, o país precisa ter ganhos de produtividade, o que passa por um menor ativismo do Estado, entre outros fatores”. O economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, observa que a média de crescimento do PIB nos dois primeiros anos do governo Dilma é inferior a 2% ao ano - 2,7% em 2011 e 1% estimados para 2012. Para o ano que vem, o economista da Sul América projeta alta de 3,3% do PIB, o que elevaria a média anual para 2,3%. "A queda do Brasil no ranking mundial das maiores economias decorre, principalmente, da taxa de câmbio. Mas, independentemente disso, o desempenho da economia tem sido fraco”. Para Correia, do Insper, se o Brasil mantivesse uma média de crescimento anual ao redor de 3%, conseguiria, pouco a pouco, reduzir a distância para as economias mais bem colocadas no ranking.
  • Relatório final do Orçamento prevê salário mínimo em R$ 674,96: O salário mínimo a vigorar em 2013 deverá ser fixado em R$ 674,96, de acordo com o relatório final entregue na Comissão Mista de Orçamento pelo relator geral do projeto, senador Romero Jucá (PMDB-RR). Jucá afirmou que precisou alterar a proposta encaminhada pelo governo de R$ 670,95 para adequar o valor à lei atual que determina o cálculo do reajuste do mínimo pelo crescimento do PIB de dois anos anteriores mais a inflação medida pelo INPC. Jucá explicou que houve uma reestimativa de inflação e que essa diferença de valor significará R$ 1,36 bilhão a mais de gastos. O relator manteve em seu parecer o aumento salarial de 5%, em 2013, para as carreiras do funcionalismo público que negociaram reajustes com o governo. O senador afirmou que, embora os funcionários do Poder Judiciário insistissem em aumentos maiores, não há espaço fiscal para isso. O acordo do governo com os servidores prevê o mesmo índice de 5% de aumento por três anos, até 2015.
  • COPOM deve manter SELIC em 7,25% ao ano na 1ª reunião de 2013: O Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central deverá manter a SELIC em 7,25% na próxima reunião que acontecerá em 15 e 16 de janeiro de 2013. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que os juros estão hoje mais próximos dos verificados no resto do mundo, mas ressaltou que a instituição não abandonou a política monetária e poderá fazer ajustes nos juros, para cima ou para baixo, quando necessário. Para 2013, o mercado estima a SELIC também em 7,25%. É importante destacar a inflação está pressionada, e talvez o governo decida, a partir da 2ª reunião de 2013, repensar sua política de manutenção da SELIC em baixa. Juntamente com a expectativa de crescimento econômico mais alto no próximo ano, a volta da política monetária como instrumento de controle da inflação tem grande chance de retornar.
  • Dólar deve fechar 2012 mais próximo de R$ 2,10: O Dólar deve encerrar o ano mais próximo de R$ 2,10. A previsão para a taxa de câmbio, feita pelo Banco Central para 2012, conforme o último Boletim Focus de 14 de dezembro, está em R$ 2,08. Para 2013, a taxa de câmbio também está estimada em R$ 2,08.
  • IPCA-15 de dezembro fica em 0,69%: O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), que mede a prévia da inflação oficial brasileira, subiu 0,69% em dezembro, e ficou 0,15 ponto percentual acima da taxa de 0,54% verificada em novembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, no acumulado do ano, o IPCA-15 registrou alta de 5,78%, acima dos 12 meses encerrados em novembro, quando ficou em 5,64%. Em dezembro de 2011, o IPCA-15 havia sido de 0,56%. Ou seja, confirmam-se as previsões do mercado e deste próprio boletim que o resultado da inflação oficial brasileira ficará distante do centro da meta estipulada pelo governo, que é de 4,50%. A expectativa do Banco Central, em seu último Boletim Focus de 14 de dezembro, é que o IPCA encerre 2012 em 5,60%. Para 2013, a projeção é de 5,42%. Mais grave ainda, verifica-se uma pressão inflacionária nos últimos meses, o que pode levar o governo a retomar sua política de controle da inflação via aumento da taxa de juros.
  • IGP-M deve fechar 2012 em 7,62%: O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), a chamada ‘inflação do aluguel’, deverá encerrar 2012 em 7,62%, segundo as projeções do Banco Central, em seu último Boletim Focus de 14 de dezembro. Para 2013, a projeção é de 5,29%.
  • Inadimplência do consumidor caminha para normalização em 2013: O nível de inadimplência dos consumidores brasileiros deve apresentar comportamento mais favorável em 2013, marcando uma trajetória de normalização após quase dois anos de crescimento, estimou a SERASA Experian. O indicador de perspectiva da inadimplência do consumidor, que permite prever os movimentos cíclicos da inadimplência com seis meses de antecedência, recuou 1% em outubro, a 98,9, mantendo uma sequência de reduções mensais. "O desemprego historicamente baixo e ganhos salariais acima da inflação, as perspectivas de manutenção dos juros básicos em patamares também historicamente baixos e a melhora gradativa do crédito contribuirão para que a inadimplência do consumidor consiga uma trajetória de normalização no ano que vem", afirmaram os economistas da SERASA. O índice de inadimplência do consumidor apurado pela SERASA caiu 0,1% em novembro ante outubro, mas avançou 13% sobre um ano antes. A entidade também estimou que a inadimplência das empresas deve registrar queda gradual em 2013, após o indicador cair 1,5% em outubro ante setembro, para 92,4. Além da taxa básica de juros mantida em níveis historicamente baixos, a SERASA destacou expectativas de aceleração do crescimento econômico e a confirmação dos prognósticos de um cenário internacional menos conturbado em 2013 como fatores que podem favorecer o cenário de inadimplência das empresas.
  • País gerou 46.095 empregos formais em novembro: Segundo os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram criados no Brasil, no mês de novembro, 46.095 novas vagas de emprego com carteira assinada. No acumulado do ano, foram gerados 1.771.576 novos postos de trabalho. Em termos setoriais, os dados mostram que o Comércio (+109.617 novos postos) registrou o maior aumento do mês. O setor de Serviços (+41.538 novos postos) também apresentou variação positiva em novembro. Já os setores da Construção Civil, devido ao término de contratos e condições climáticas, da Agricultura, devido à presença de fatores sazonais negativos, e da Indústria da Transformação, devido aos ajustes da demanda das festas do fim do ano, registraram queda no emprego (-41.567, -32.733 e -26.110, respectivamente).
  • IBGE aponta queda no desemprego em novembro: O desemprego brasileiro caiu para 4,9% em novembro, ante 5,3% em outubro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa é a menor taxa para o mês de novembro desde o início da série (março de 2002) e a 2ª menor de toda a série (a menor foi de 4,7% em dezembro de 2011). O rendimento médio real habitual dos ocupados (R$ 1.809,60, o valor mais alto da série iniciada em março de 2002) apresentou alta de 0,8% na comparação mensal e de 5,3% frente a novembro do ano passado.
  • Brasileiro olha mais a prestação que o juro: Mesmo sob um cenário de crédito mais farto e mais barato, 69% dos brasileiros ainda avaliam que "mais importante que os juros cobrados ou os prazos é a prestação caber no bolso". Essa informação está presente na pesquisa da Confederação Nacional da Indústria e Ibope "Retratos da Sociedade Brasileira: Hábitos de Consumo e Endividamento". O estudo abordou questões dentro de quatro grandes grupos: condição financeira do brasileiro, padrão e consumo, efeito da redução dos juros sobre o consumo e endividamento. Sobre a condição financeira, o trabalho da CNI-Ibope apurou que, de maneira geral, a renda familiar cresceu nos últimos 12 meses, ainda que tenha se mantido constante para 59% da população. Fatia de 44% dos consultados afirmou acreditar, na época da realização das entrevistas, que 2012 seria melhor que o ano passado. Em relação a padrão de consumo, o estudo apurou que nos últimos três anos, os brasileiros aumentaram suas despesas com saúde, cuidados pessoais e educação e reduziram gastos com viagens, hobbies e atividades esportivas. Apesar da pesquisa indicar que mais importante é "a prestação caber no bolso", 55% dos entrevistados responderam preferir comprar à vista que a prazo e 60% revelaram intenção de reduzir despesas porque as condições da economia poderiam piorar. Sobre o efeito da redução dos juros sobre o consumo, 33% avaliaram que isto resultaria em aumento das compras e gastos com serviços. Para 31%, o principal destino de um bônus equivalente ao salário seria a poupança. Outra parcela de 23% informou que esse bônus seria utilizado principalmente para o pagamento de dívidas. No quesito endividamento, a pesquisa apurou que 41% dos entrevistados tinham dívida ou estavam pagando algum tipo de parcelamento. A principal razão para se endividar, apontada por 41% dos entrevistados que estavam devendo, foi a compra de bens de consumo duráveis. Entretanto, 42% dos consultados informaram que tinham a situação financeira "no limite do endividamento". Além disso, 85% dos entrevistados endividados informaram ter alguma dificuldade para pagar as dívidas.
 

domingo, 9 de dezembro de 2012

TERMÔMETRO ECONÔMICO - Novembro de 2012

No mês de novembro, o Ambiente Econômico apresenta como destaques os últimos dados do crescimento econômico brasileiros, abaixo das expectativas do mercado e do próprio governo, além da manutenção da SELIC, o aumento da produção industrial, a aceleração da inflação e da inadimplência das empresas, e o pequeno saldo positivo na geração de empregos no país. Conforme apontado no último boletim, o cenário brasileiro confirma perspectiva de encerrar 2012 com fraco crescimento econômico e aceleração inflacionária, o que exigirá do governo novas políticas de incentivo à economia, bem como o adiantamento da decisão de retomada do aumento da taxa de juros para 2013.
  • PIB cresce 0,6% no 3º trimestre de 2012: O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrou um crescimento de 0,6% no 3º trimestre do ano em relação ao trimestre anterior, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De julho a setembro, a soma das riquezas produzidas no país chegou a R$ 1,1 trilhão. No acumulado dos 12 últimos meses terminados em setembro de 2012, a expansão foi de 0,9% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Já o acumulado nos três primeiros trimestres de 2012 foi de 0,7% em relação à igual período de 2011. Entre as atividades econômicas, destacou-se a Agropecuária, que cresceu 2,5%, seguida da Indústria (1,1%). Os Serviços registraram estagnação, com variação nula. O resultado do 3º trimestre, apesar de apresentar um desempenho ligeiramente melhor em relação ao trimestre anterior, quando houve alta de 0,2%, surpreendeu negativamente o mercado, que projetava um resultado entre 1% e 1,2%. O próprio Ministro da Fazenda, Guido Mantega, previa crescimento de 1,2% na comparação com o 2º trimestre. Para o presidente da Canepa Asset Management, Alexandre Póvoa, “o rebote da economia não está sendo tão forte quanto se esperava”. Segundo ele, é nítido o esforço do governo para reduzir custos de produção e incentivar investimentos, com medidas como a desoneração da folha de pagamentos. No entanto, ele avalia que essas ações não são suficientes para impulsionar o crescimento da economia. “O ideal seria reduzir a carga tributária de maneira ampla. Mas, para isso, é fundamental reduzir os custos do governo, o que dificilmente acontecerá”. Já o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV), Samuel Pessoa, avalia que as medidas de incentivo à retomada da atividade industrial e dos investimentos não foram consistentes. Pare ele, 2012 será mais um ano de“pibinho”, a exemplo do que se verificou em 2011. Segundo o pesquisador, o IBRE projeta um PIB de 0,7% no 4º trimestre e de 1,3% para 2012. “O governo abaixa um imposto aqui, aumenta outro ali, reduz o IPI de quem grita mais e corta tarifas sem deixar claro quais são os critérios de decisão. Essa incerteza não contribui para a retomada dos investimentos”, afirma. Pessoa questiona ainda a justificativa dada pelo governo de que a economia brasileira cresce menos em função do cenário internacional. “O governo alega que o baixo crescimento é fruto da crise econômica internacional, o que não tem o menor fundamento. Basta observar outras economias em desenvolvimento como Peru, Chile, Colômbia e até México. Esses países também registraram uma redução da atividade econômica nos últimos dois anos, mas em patamar muito inferior ao verificado no Brasil”,destaca. Segundo o pesquisador, nos oito anos do governo FHC e também nos oito anos em que o presidente Lula esteve no poder, o Brasil cresceu tanto quanto a América Latina. “Mas, nos últimos dois anos, o que se tem visto, é que o país está ficando para trás. Não por acaso, estamos perdendo investimentos até para Colômbia e Peru”, avalia Pessoa.
  • Boletim Focus reduz estimativa do PIB em 2012 para 1,27%: De acordo com o último Boletim Focus de novembro, o Banco Central reduziu mais uma vez a previsão do PIB para 2012, de 1,54% no início do mês, para 1,27% no final de novembro. Para 2013, a projeção caiu, pela 3ª semana seguida, para 3,70%. Vale destacar que as previsões oficiais de crescimento para este ano são de 1,6%, pelo Banco Central, e de 2%, pelo Ministério da Fazenda.
  • País deve ter o pior crescimento desde o governo Collor: A presidente Dilma Rousseff deverá encerrar os dois primeiros anos de seu mandato com a 2ª pior média de crescimento da história recente do Brasil, só perdendo para o período Collor. No biênio 2011-2012, o crescimento médio anual do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deverá ser da ordem de 2,1%. Nos dois primeiros anos do primeiro e do segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, essa média foi de, respectivamente, 3,4% e 5,6%, e nos de Fernando Henrique Cardoso, de 3,2% e 2,3%. Já no de Fernando Collor de Mello, ficou em 0,25%. Economistas alertam para o risco de 2013 piorar o prognóstico para o governo, caso não mude o foco da política de crescimento - hoje baseada no aumento do consumo - passando a incentivar mais o investimento e a melhorar a produtividade. Nos dois anos do governo de Dilma Rousseff, o crescimento da economia brasileira deverá ser também o menor entre os principais países emergentes do mundo, incluindo a América Latina. Levantamento do economista Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, feito com base em projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), indica que a economia brasileira deverá crescer no acumulado de 2011 e 2012 próximo a um terço dos países emergentes: 4,2%, ante 11,8%. No grupo dos BRIC´s, o crescimento brasileiro deverá ser a metade do registrado pela economia russa, um terço da indiana, e menos de um quarto da chinesa. "Vamos crescer menos que a África do Sul, país que apresenta um nível de desemprego da ordem de 25%", diz Leite. Na comparação entre o Brasil e as principais nações latino-americanas exportadoras de commodities, o país também fica para trás. Comparado à Argentina, país exportador de commodities agrícolas e sócio do Mercosul, e ao Chile e Peru, países exportadores de commodities minerais, o crescimento brasileiro ficará próximo de um terço.
  • Mantega cita mais estímulo para PIB subir 4% em 2013: Segundo o Ministro da Fazenda, o governo tem condições de proporcionar um crescimento de 4% em 2013, por meio da redução de tributos e de custos, como o de infraestrutura. Reitera que o governo não rompeu contratos ao propor a renovação das concessões do setor elétrico. "Não temos contrato quebrado desde o início de nossa administração, em 2003. É preciso manter essa trajetória de cumprimento de contratos". O ministro disse que a rapidez em aprovar a Medida Provisória 579, que prorroga as concessões das elétricas e reduz encargos setoriais, se deve ao fato de o país ter pressa. O Ministro admitiu que a arrecadação dos Estados com o ICMS que incide sobre a energia elétrica vai cair. A medida vai estimular o crescimento da economia, pois a arrecadação de ICMS sobre a energia vai cair, mas de forma temporária, pois a arrecadação de ICMS em vendas de bens e serviços vai aumentar. Mantega lembrou ainda que a arrecadação da União também vai cair, pois a base de incidência menor afeta o PIS/COFINS. O Ministro afirmou ainda que o governo deu às empresas do setor elétrico a opção de permanecer com a concessão até o fim do prazo, entre 2015 e 2017. "É uma opção, mas haverá licitação ao fim da concessão e elas correm o risco de perder 30 anos de concessão. É um período longo, durante o qual podem ter rentabilidade”. Mantega ressaltou que, se as empresas aceitarem a proposta de renovação antecipada das concessões, o governo fará o pagamento das indenizações à vista, também de forma antecipada. O Ministro disse acreditar que a maioria das empresas vai optar por renovar as concessões, pois a proposta é vantajosa. "Eu acredito que eles estão olhando só o momento imediato, e não as vantagens de ter a renovação de uma concessão de 30 anos, que não está assegurada. É bom fazer as contas direitinho”.
  • PIB acima de 4% não é sustentável, admite governo: O limite de crescimento brasileiro atualmente está por volta de 4% ao ano, reconhece um destacado membro da equipe econômica do governo. "De forma sustentável, acima de 4% é difícil hoje. Um ano ou outro a gente consegue, como em 2010, quando cresceu 7,5%. Mas é difícil porque as restrições na economia talvez não permitam isso. Restrições do mercado de trabalho, da infraestrutura", diz a fonte. Mas, continua, a visão é de que o potencial de crescimento se mantém o mesmo dos últimos quatro a cinco anos. A questão da restrição ao crescimento pelo fim da disponibilidade de absorção de mão de obra em larga escala (o que só era possível quando a taxa de desemprego era muito mais alta) é plenamente reconhecida pela equipe econômica, diz a fonte. A média de anos de estudo dos brasileiros com mais de 25 anos saltou de 5,6 em 2000 para 7,2 em 2010. O salto em pontos porcentuais foi maior do que o da China no mesmo período (de 6,6 para 7,6) ou da Índia (de 3,6 para 4,4). Além disso, a taxa de investimento no Brasil de 2000 a 2006 era de 16,3% do PIB. De 2007 a 2012, está na faixa de 18,7%.
  • Produção Industrial brasileira sobe em outubro: Em outubro, a Produção Industrial apontou crescimento de 0,9% frente a setembro, após registrar queda de 0,6% naquele mês. No confronto com outubro de 2011, o setor industrial apontou expansão na produção (2,3%), interrompendo a sequência de 13 meses de taxas negativas neste tipo de comparação. Com isso, o índice acumulado para os 10 primeiros meses do ano (-2,9%) mostrou redução na intensidade de queda frente às marcas observadas nos meses anteriores.
  • COPOM mantém SELIC em 7,25% ao ano na última reunião de 2012: O Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central decidiu, por unanimidade, manter a taxa SELIC em 7,25% a.a., sem viés, em sua última reunião de 2012 ocorrida em 27 e 28 de novembro. Conforme já destacado neste boletim há algumas edições, a autoridade monetária de fato encerrou o ciclo de afrouxamento monetário iniciado há pouco mais de um ano, e confirmou a previsão de quase a totalidade dos analistas do mercado. O COPOM afirmou que “considerando o balanço de riscos para a inflação, a recuperação da atividade doméstica e a complexidade que envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma não linear”. A expectativa agora é que a SELIC seja mantida em 7,25% pelas próximas reuniões do COPOM. O próprio presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que os juros estão hoje mais próximos dos verificados no resto do mundo, mas ressaltou que a instituição não abandonou a política monetária e poderá fazer ajustes nos juros, para cima ou para baixo, quando necessário. A próxima reunião do COPOM, a 1ª de 2013, ocorrerá em 15 e 16 de janeiro. Para 2013, o mercado estima a SELIC também em 7,25%, 0,38% abaixo da última previsão, que era de 7,63%.
  • Dólar fecha novembro a R$ 2,1310: O Dólar encerrou o mês de novembro em R$ 2,1310, valorização de 4,92% em relação a outubro. Com isso, o ganho anual subiu para 14,01%. O Euro fechou o mês em R$2,7394. Especificamente com relação ao Dólar, a previsão para a taxa de câmbio, feita pelo Banco Central para 2012, conforme o último Boletim Focus de novembro, está em R$ 2,07. Para 2013, a taxa de câmbio está estimada em R$ 2,06.
  • IPCA de novembro fica em 0,60%: Índice que mede a inflação oficial brasileira mostrou, novamente, aceleração em novembro, quanto comparado com outubro: 0,60%, ante 0,59% no mês passado. Com isso, o resultado em 2012 aponta uma inflação acumulada de 5,01%, bem abaixo dos 5,97% verificados no mesmo período do ano passado. Entretanto, considerando os últimos 12 meses, o IPCA situa-se em 5,53%, acima dos 5,45% relativos aos 12 meses imediatamente anteriores, confirmando que o resultado de 2012 ficará distante do centro da meta estipulada pelo governo, que é de 4,50%. A expectativa do Banco Central, no último Boletim Focus de novembro, é que o IPCA encerre 2012 em 5,43% (baixa de 0,01 ponto percentual em relação à projeção feita no início do mês). E para 2013, a projeção é de 5,40%.
  • Grupos‘Alimentação e Bebidas’ e ‘Transportes’ aparecem como principais vilões da inflação em novembro: O grupo ‘Alimentação e Bebidas’, com 0,79% de aumento, embora tenham continuado em alta, apresentou desaceleração na taxa de crescimento, subindo menos do que no mês anterior, mas impactando em 0,19 ponto percentual o índice geral. Em contraposição, quatro nos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pressionaram o IPCA do mês: o grupo ‘Transportes’ subiu para 0,68% (ante 0,24% em outubro) influenciado pelas passagens aéreas, e teve impacto de 013 p.p. no índice. As despesas com ‘Habitação’aumentaram de um mês para o outro (de 0,38% para 0,64%) devido, principalmente, à energia elétrica, e teve impacto de 0,09 p.p. no IPCA. As ‘Despesas Pessoais’ também subiram, passando de 0,10% em outubro para 0,53% em novembro, e o principal destaque foi o item empregados domésticos. No grupo ‘Artigos de Residência’ (de 0,37% em outubro para 0,47% em novembro) cabe destacar o item mobiliário.
  • IGP-M registrou deflação em novembro: O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), a chamada ‘inflação do aluguel’, apresentou deflação em novembro, de -0,03%, frente a 0,02% verificado em outubro, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). No ano, o IGP-M acumula alta de 7,09% e de 6,96% nos últimos 12 meses. As projeções do Banco Central, em seu último Boletim Focus de novembro, apontam IGP-M para 2012 de 7,46%; para 2013, a projeção é de 5,11%.
  • Previsão é de que o IGP-M volte a se acelerar em dezembro: O IGP-M deve deixar o terreno negativo no próximo mês, na medida em que o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que tem participação de 60% no IGP-M, também deve migrar para o campo das altas. A previsão é do coordenador de análises econômicas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV), Salomão Quadros. Considerando-se que em dezembro a expectativa é de retorno a taxas positivas, a trajetória do índice em 12 meses deve voltar a se acelerar. Para 2013, Quadros aposta em uma trajetória de desaceleração para o IGP-M, mas sem estimar um número exato para o indicador. Na sua avaliação, ao longo do ano que vem, é pouco provável haver taxas mensais acima de 1% com a mesma frequência vista em 2012. Este ano a oferta de commoditiesfoi bastante afetada por problemas climáticos, sobretudo sobre a safra de soja norte-americana, que foi vítima de uma severa estiagem, com efeito nocivo sobre os preços do atacado e varejo. "A não ser em caso de haver nova adversidade climática, o IGP-M não deve subir como em 2012", previu, lembrando ainda que "são bastante boas as expectativas de safra para o ano que vem". A percepção do coordenador sobre o IGP-M para 2013 também não muda num quadro de eventual aumento da demanda em razão da provável continuidade da recuperação da economia. "Mesmo que haja aceleração nos preços da indústria com abertura de espaço para recomposição de parte das margens de lucro, não deve fazer frente ao que foi o choque agrícola este ano", comentou.
  • Inadimplência das empresas cresceu 13,8% em outubro: A inadimplência das empresas brasileiras voltou a crescer em outubro, quando comparada com setembro. Segundo o Indicador SERASA Experian de Inadimplência das Empresas, o índice apresentou avanço de 13,8%. Na comparação com outubro de 2011, a inadimplência das empresas também apresentou avanço de 13,8%. Entre os acumulados de janeiro a outubro de 2012/2011, o crescimento foi de 12,8%. Para os economistas da SERASA Experian, a maior alta mensal do ano foi influenciada pelo efeito calendário, em razão do maior número de dias úteis no décimo mês. O impacto foi sobre os protestos e os cheques sem fundos, que são registrados em dias úteis. Outro motivo é que a alta de outubro ocorreu sobre uma base fraca, de setembro. Portanto, para os economistas, apesar da alta, não houve deterioração do cenário de inadimplência das empresas, em decorrência do aumento de encomendas para o final do ano e da maior geração de caixa.
  • País gerou 66.988 empregos formais em outubro: Segundo os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram criados no Brasil, no mês de outubro, 66.988 novas vagas de emprego com carteira assinada. No acumulado do ano, foram gerados 1.688.845 novos postos de trabalho. Em termos setoriais, os dados mostram que o Comércio (+49.597 novos postos) registrou o maior aumento no mês. Serviços (+32.724 novos postos) e Indústria da Transformação (+17.520 novos postos) também apresentaram resultados positivos. Já os setores da Agricultura, por motivos sazonais, e a Construção Civil, devido ao término de contratos e condições climáticas, foram os que registraram queda no emprego (-20.153 e-8.290 postos, respectivamente).
  • Jornal Washington Post afirma que Brasil adota ‘modelo chinês’ para proteger a economia: Desaceleração econômica iniciada no ano passado levou o governo brasileiro a fechar seu mercado e buscar inspiração na China, segundo avaliação de reportagem publicada no diário americano The Washington Post. De acordo com o jornal, medidas tomadas nos últimos meses, como o aumento de tarifas de importação de peças automotivas, geram preocupação no governo americano com o crescente protecionismo brasileiro. "A desaceleração econômica e a resposta do governo a isso são uma crescente preocupação entre autoridades americanas, temerosas de que o Brasil possa estar adotando um novo rumo agressivo - se afastando do caminho que os Estados Unidos defenderam com sucesso para o México, a Colômbia e outras nações latino-americanas, e em direção ao capitalismo dirigido pelo Estado que os Estados Unidos vêm lutando para mudar na China", afirma a reportagem. "Enquanto a economia global luta por políticas comuns que possam estimular uma recuperação ainda incipiente, o impulso na direção do protecionismo por um influente país em desenvolvimento é visto em Washington como um retrocesso", diz o texto. O diário observa que o governo brasileiro argumenta que as medidas são uma proteção temporária para ajudar o país a enfrentar a concorrência da mão de obra barata da China e do crédito barato gerado pela política de relaxamento monetário do Banco Central dos Estados Unidos. A reportagem comenta que a voz do Brasil sobre questões econômicas e de comércio global vem ganhando força, pelo fato de o país ter tirado uma grande parcela da população da pobreza, além de ter grandes reservas de recursos naturais e de ter alcançado o posto de 6ª maior economia mundial. Apesar disso, observa o jornal, o revés econômico recente "obscureceu a teoria aceita de que as economias emergentes poderiam sozinhas manter o sistema global estável e crescendo" num momento em que os países desenvolvidos enfrentam graves crises. "As autoridades e as empresas americanas vêm defendendo laços americanos mais profundos com nações como a China e o Brasil com a expectativa de que, mesmo que a capacidade industrial e os empregos sejam transferidos para esses locais, seu crescimento e sucesso beneficiariam os Estados Unidos - uma estratégia que presume que esses mercados se abram de maneira constante", diz o jornal. Para a reportagem, apesar do "milagre" econômico da última década, com o controle da inflação e das contas públicas e da elevação de 35 milhões de pessoas à classe média, o Brasil ainda não conseguiu desenvolver sua indústria a ponto de deixar de depender de seus recursos naturais e do consumo interno para crescer. O Washington Post conclui afirmando que "a situação deixa um ambiente econômico complicado" e observa que um recente estudo do Banco Mundial colocou o país como 130º entre 185 países em um ranking sobre facilidade para fazer negócios. Para o jornal, "uma posição desonrosa para um país que tenta se apresentar como um modelo global".


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

TERMÔMETRO ECONÔMICO - Outubro de 2012


No mês de outubro, o Ambiente Econômico apresenta como destaques a redução da SELIC (talvez a última do ciclo que se iniciou a pouco mais de um ano), a aceleração da inflação, a queda da produção industrial, a estabilidade da inadimplência de pessoas e empresas, e o pequeno avanço do país no ranking mundial de competitividade. De forma geral, o cenário brasileiro demonstra perspectiva de encerrar 2012 com fraco crescimento econômico e aceleração inflacionária, o que já aponta a necessidade de retomada do aumento da taxa de juros para 2013.

  • Boletim Focus reduz estimativa do PIB em 2012 para 1,54%: De acordo com o último Boletim Focus de outubro, o Banco Central reduziu mais uma vez a previsão do PIB para 2012, de 1,57% no início do mês, para 1,54% no final de outubro. Para 2013, a projeção se manteve, pela 13ª semana seguida, em 4,00%.
  • Produção Industrial brasileira cai em setembro: Em setembro, a Produção Industrial atingiu 47,1 pontos, contra 54,7 registrados em agosto, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O indicador varia de zero a cem pontos, sendo que valores acima de 50 representam aumento da produção. Em setembro de 2011, o índice havia registrado 49,1 pontos. Segundo a CNI, a indústria não deu continuidade ao crescimento da atividade registrado no mês anterior e reduziu a produção, sendo a elevada carga tributária, a competição acirrada de mercado e a falta de demanda os principais motivos apontados.
  • IBGE também aponta queda na Produção Industrial: Em setembro, a Produção Industrial caiu 1,0% em relação a agosto, após registrar taxas positivas por 3 meses consecutivos, e alcançou 16 dos 27 ramos investigados. Frente a setembro de 2011, o total da indústria apontou queda negativa de 3,8% em setembro de 2012, 13ª taxa negativa consecutiva nesse tipo de comparação. O acumulado em 2012 registra queda de -3,5%.
  • COPOM reduz SELIC para 7,25% ao ano: Contrariando algumas previsões de que a SELIC não seria reduzida, o Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central, em sua última reunião ocorrida em 09 e 10 de outubro, decidiu reduzir pela 10ª vez consecutiva a taxa básica de juros da economia brasileira, de 7,50% para 7,25% a.a., novo recorde histórico de baixa. Entretanto, diferentemente das reuniões anteriores, a decisão não foi unânime, com alguns membros votando pela sua manutenção em 7,50%. O que é unânime entre os analistas de mercado é que a autoridade monetária, com esta última redução da SELIC, encerrou de fato o ciclo de afrouxamento monetário iniciado há pouco mais de um ano. De agosto de 2011 até hoje, a SELIC foi reduzida em 5,25 pontos percentuais. A ata da reunião aponta como argumentos dos votos contrários à redução o fato de que já existem pressões de demanda e de custos sobre a inflação, merecendo ser observado com maior atenção, visto que o IPCA tem demonstrado aceleração nos últimos resultados, principalmente vindo do grupo de ‘Alimentos e Bebidas’. A expectativa agora é que a SELIC seja mantida em 7,25% pelas próximas reuniões do COPOM, e somente a partir do 2º semestre de 2013 a taxa sofra novas alterações (provavelmente com movimentos de alta). A próxima reunião do COPOM, a última de 2012, ocorrerá em 27 e 28 de novembro, e a 1ª de 2013 ocorrerá em 15 e 16 de janeiro. Para 2012, o último Boletim Focus de outubro aponta a SELIC fechando o ano em 7,25%, ou seja, mantendo o atual patamar decidido na última reunião do COPOM. Dessa forma, estima-se que na próxima reunião a taxa seja mantida. Para 2013, o mercado estima a SELIC em 7,63%, 0,37% abaixo da última previsão, que era de 8,00%. É importante reiterar que a inflação continuou se acelerando em outubro, confirmando a tendência que este boletim e o próprio mercado têm apresentado de que a inflação irá fechar próxima de 5,50% em 2012.
  • Dólar fecha outubro a R$ 2,0313: O Dólar encerrou o mês de outubro em R$ 2,0313, alta de 0,19% em relação a setembro. Com isso, o ganho anual subiu de 8,50% para 8,61%. O Euro fechou o mês em R$2,6348. A previsão para a taxa de câmbio, feita pelo Banco Central para 2012, conforme o último Boletim Focus de outubro, está em R$ 2,02. Para 2013, a taxa de câmbio está estimada em R$ 2,01.
  • O espaço de variação do câmbio no Brasil: A cotação do Dólar no final de outubro continuou se mantendo dentro do intervalo considerado pelo mercado como ‘banda informal’ (entre R$ 1,90 e R$ 2,10). O Ministério da Fazenda já fez intervenções para a moeda brasileira não se valorizar e anunciou que o governo interviria novamente, “se necessário”. Essas ações, no entanto, não significam que o Brasil tenha um câmbio fixo. O governo está mantendo a taxa de câmbio nominal fixa mas, nos termos reais, está apreciado. Os salários estão crescendo acima da produtividade e os custos de produção no Brasil crescem mais que no exterior. A Confederação Nacional do Comércio acredita que essa taxa de câmbio não vai persistir por muito tempo – e que o Dólar pode subir. “Em um movimento global de aversão a risco, o Banco Central não tem como segurar o câmbio, a menos que o governo mude o sistema para câmbio fixo, o que não vejo acontecendo”, disse João Felipe Santoro Araujo, economista da Confederação Nacional do Comércio. Utilizar o câmbio para estimular a competitividade da indústria funciona somente no curto prazo, segundo José Márcio Camargo, professor de economia da PUC-Rio. “Para fazer a indústria permanecer competitiva, seria preciso continuar desvalorizando. Seria perigoso para a inflação”, disse. Na apresentação do Relatório de Inflação, no mês passado, Carlos Hamilton Araújo, diretor de Política Econômica do Banco Central, afirmou que a desvalorização do real, que vem ocorrendo desde agosto de 2011, exerceu algum impacto sobre a inflação. No Brasil, a confecção de muitos produtos utiliza insumos importados, logo, o Dólar valorizado leva ao aumento de preço do produto final, gerando inflação. “Hoje, boa parte do funcionamento da economia brasileira, para ter inflação menor e PIB maior, depende muito da situação internacional”, disse Braga.
  • IPCA-15 de outubro fica em 0,65%: Prévia do índice que mede a inflação oficial brasileira mostrou, novamente, aceleração em outubro, quanto comparado com setembro: 0,65%, ante 0,48% no mês passado. Com isso, o resultado em 2012 aponta uma inflação acumulada de 4,49%, ainda abaixo dos 5,48% verificados no mesmo período do ano passado. Considerando os últimos 12 meses, o IPCA-15 situa-se em 5,56%, acima dos 5,31% relativos aos 12 meses imediatamente anteriores, e cada vez mais distante do centro da meta estipulada pelo governo, que é de 4,50%. A expectativa do Banco Central, no último Boletim Focus de outubro, é que o IPCA encerre 2012 em 5,44% (alta de 0,08 ponto percentual em relação à projeção feita no início do mês). E para 2013, a projeção é de 5,40%.
  • Grupo ‘Alimentação e Bebidas’ continua como o principal vilão da inflação: O aumento nos preços dos ‘Alimentos e Bebidas’ (de 1,08% em setembro para 1,56% em outubro) causou impacto de 0,37 ponto percentual no IPCA-15, com destaque para a carne e o arroz. Os grupos ‘Vestuário’ e ‘Habitação’ também apresentaram forte impacto na inflação do mês. Já os grupos ‘Educação’ e ‘Despesas Pessoais’ apresentaram redução em outubro.
  • IGP-M desacelera fortemente em outubro e fica em 0,02%: O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), a chamada ‘inflação do aluguel’, desacelerou fortemente em outubro, e atingiu 0,02% no mês, frente a 0,97% verificado em setembro, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O destaque foi a queda dos preços das matérias primas brutas. O resultado ficou abaixo das expectativas do mercado, cujas contas variavam entre 0,01% e 0,23% de alta. No ano, o IGP-M acumula alta de 7,12% e de 7,52% nos últimos 12 meses. As projeções do Banco Central, em seu último Boletim Focus de outubro, apontam IGP-M para 2012 de 7,92%; para 2013, a projeção é de 5,16%.
  • Inadimplência volta a crescer no país em outubroDepois de atingir, em setembro, o menor índice dos últimos dois anos, o percentual de famílias inadimplentes voltou a crescer em outubro. Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor da Confederação Nacional do Comércio (CNC), as famílias com dívidas ou contas em atraso passaram de 19,1% em setembro para 20,5% neste mês. O total de famílias com dívidas (não necessariamente em atraso), como cheque pré-datado, cartão de crédito, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguros, também subiu – de 58,9% em setembro para 59,2% em outubro. A pesquisa mostra, no entanto, que o total de famílias sem condições de pagar as contas ou dívidas atrasadas teve uma leve queda, de 7,1% para 7% entre setembro e outubro. Na comparação com o mesmo período do ano passado, todos os indicadores melhoraram, já que, em outubro de 2011, os percentuais eram os seguintes: famílias com dívidas (61,2%), inadimplentes (21,3%) e famílias sem condições de pagar as contas (8,2%).
  • Número de brasileiros que conseguiram tirar o nome da lista de inadimplentes é recorde: Estudo inédito da SERASA Experian aponta que o número de brasileiros que regularizaram suas pendências financeiras em 2012 e, conseqüentemente, limparam o nome, foi recorde. De janeiro a setembro, cerca de 15,1 milhões de consumidores renegociaram o pagamento de contas atrasadas e deixaram a base de inadimplentes. Segundo o presidente da SERASA Experian e da Experian América Latina, Ricardo Loureiro, “é uma ótima notícia para empresas e consumidores, pois devemos levar em conta que cada consumidor precisa regularizar em média quatro, cinco dívidas para deixar a lista de inadimplentes. O bom momento vivido pelo mercado de trabalho no país, com as taxas de desemprego em patamares historicamente baixos e ganhos salariais acima da inflação, está motivando as pessoas a quitar suas dívidas. Além disto, pela expressiva elevação da inadimplência a partir do início do ano passado, há uma conjuntura muito propícia à aproximação entre quem está devendo e quer pagar e quem está com débitos em haver e quer receber”. Para quem está endividado ou inadimplente e perdeu o controle das dívidas, o primeiro passo é buscar a renegociação. O consumidor deve aproveitar quando receber a parcela do 13º salário para organizar sua vida financeira. Ele mesmo pode regularizar suas dívidas diretamente com os credores, sem precisar contratar serviços de terceiros.
  • Inadimplência das empresas recua 9,2% em setembro: A inadimplência das empresas brasileiras recuou 9,2% em setembro, na comparação com agosto, conforme revelou o Indicador SERASA Experian de Inadimplência das Empresas, sendo esta a menor variação mensal desde maio deste ano. Na comparação com setembro de 2011, a inadimplência das empresas apresentou ligeiro avanço de 0,4%. Entre os acumulados de janeiro a setembro de 2012/2011, o crescimento foi de 12,7%.
  • País gerou 150.334 empregos formais em setembro: Segundo os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram criados no Brasil, no mês de setembro, 150.334 novas vagas de emprego com carteira assinada. No acumulado do ano, foram gerados 1.574.216 novos postos de trabalho. Em termos setoriais, os dados mostram que a Indústria da Transformação registrou o maior aumento no mês (+66.191 novos postos). Serviços (+55.221 novos postos), Comércio (+35.919 novos postos) e Construção Civil (+10.175 novos postos) também apresentaram resultados positivos. A Agricultura, por motivos sazonais, foi o único setor que registrou queda no emprego (-19.014 postos).
  • Brasil sobe duas posições em ranking de competitividade, mas ainda é pouco: Estudo da área de pesquisas da revista britânica The Economist mostra que o Brasil não terá grande evolução no quesito competitividade nos próximos anos. No novo ranking elaborado pela Economist Intelligence Unit, válido para o período de 2012 a 2016, o país aparece na 37ª posição. No anterior, que considerava os anos de 2007 a 2011, o Brasil estava em 39º lugar. A lista, que inclui 82 países e é liderada por Cingapura, Hong Kong e Suíça, mostra dois "velhos conhecidos" como os principais gargalos de competitividade brasileira: o custo da mão de obra e a carga tributária. De acordo com Justine Thody, analista responsável pelo estudo, a dificuldade do Brasil de subir no ranking é reflexo de "amarras estruturais". "E o país está ficando sem tempo para fazer as mudanças, pois a idade média da população está subindo”. O estudo mostra que, mesmo em áreas onde o Brasil começa a sair da inércia, como a infraestrutura, o ritmo ainda não é suficiente para que o país se destaque perante outras nações. Em infraestrutura, o Brasil vai continuar em 52ª lugar entre os 82 países analisados. "Não é que o Brasil não esteja fazendo nada, mas outras nações também estão empenhadas em melhorar”. Se a questão da infraestrutura é preocupante, a do custo da mão de obra e da carga tributária são vistas como urgentes. A estrutura de impostos deixa o Brasil na 76ª colocação no subitem tributos. O problema não são só as altas alíquotas - que correspondem a 35% do PIB -, mas também a dificuldade de as empresas entenderem o sistema. No quesito mão de obra, decisões como a desoneração da folha de pagamento para 24 setores da economia terão efeito marginal no desempenho do país nesse quesito. De uma medição para a outra, o Brasil passará da 66ª para 59ª posição.


sexta-feira, 5 de outubro de 2012

TERMÔMETRO ECONÔMICO - Setembro de 2012


No mês de setembro, o Ambiente Econômico apresenta como destaques as ações do governo para estimular o crescimento econômico, face às projeções que apontam para redução do PIB em 2012, a inflação que continua alta, o arrefecimento na geração de empregos no país, e os dados publicados pela PNAD / IBGE para o período 2009-2011. No âmbito internacional, as previsões são de que os efeitos da crise devem durar por, pelo menos, uma década.

  • Relatório Trimestral de Inflação, do Banco Central, prevê aumento da inflação e redução do PIB em 2012Segundo o Relatório Trimestral de Inflação da autoridade monetária, referente ao 3º trimestre de 2012, o IPCA ficará em 5,2% neste ano pelo cenário de referência, ante previsão anterior de 4,7%, e em 4,9% em 2013, abaixo das contas anteriores, de 5%. A chance de a inflação estourar o teto da meta oficial - de 6,5% pelo IPCA - é de 3% em 2012 e de 13% no ano que vem. O Banco Central também reduziu a previsão para o crescimento da economia brasileira neste ano de 2,5% para 1,6%, e avaliou ainda que a política fiscal do governo "se desloca de uma posição de neutralidade para ligeiramente expansionista".
  • Boletim Focus reduz estimativa do PIB em 2012 para 1,57%: De acordo com o último Boletim Focus de setembro, o Banco Central reduziu pela 2ª vez consecutiva a previsão do PIB para 2012, de 1,64% no início do mês, para 1,57% no final de setembro. Para 2013, a projeção se manteve, pela 8ª semana seguida, em 4,00%.
  • Produção Industrial brasileira cresce 1,5% em agostoEm agosto, a Produção Industrial cresceu 1,5% frente a julho, na série com ajuste sazonal, 3º resultado positivo consecutivo nesse tipo de comparação, acumulando nesse período crescimento de 2,3%. Em relação a igual mês do ano passado, a indústria apontou queda de 2,0%, 12ª taxa negativa consecutiva nesse tipo de comparação, mas a menos intensa desde dezembro último (-1,3%). No índice acumulado nos oito meses de 2012, observou-se recuo de 3,4% frente a igual período do ano anterior.
  • Governo anuncia redução nas tarifas de energia elétrica com o objetivo de garantir maior competitividade para a economia brasileiraO Governo Brasileiro anunciou a redução das tarifas de energia elétrica de 16% a 28% para os consumidores e a renovação antecipada das concessões de energia, com o objetivo de garantir maior competitividade da economia brasileira. A queda na tarifa é resultado da renovação das concessões que vencem a partir de 2015, da redução de encargos setoriais e do aporte pela União de R$ 3,3 bilhões. "Essas medidas representarão aumento do poder aquisitivo da população brasileira. As decisões de agora constituem uma das mais arrojadas iniciativas para impulsionar o desenvolvimento do Brasil", disse o Ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, em cerimônia no Palácio do Planalto. A redução do preço da energia ocorrerá a partir de 2013 por meio da antecipação da renovação das concessões e redução de encargos setoriais. Segundo o Ministro, a cobrança da Reserva Global de Reversão (RGR) e a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) serão eliminadas. Já a Conta de Desenvolvimento Energético ficará reduzida a 25% do valor atual. Para os consumidores de alta tensão, como a indústria, a redução vai de 19,4% a 28%. Segundo o Ministro, a redução média do custo de energia para todos os brasileiros será de 20,2%. Isso foi possível porque a eliminação ou redução de encargos setoriais nas contas de luz representará um desconto de 7%, enquanto a renovação das concessões equivalerá a um corte médio de 13,2% nas tarifas. Para Lobão, a expressiva redução do custo da energia terá forte impacto na economia, dando competitividade à indústria e ao comércio, gerando empregos.
  • Governo publica Medida Provisória que desonera serviços e indústria: Foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) a Medida Provisória (MP) 582 que desonera alguns setores industriais e de serviços e permite a depreciação de bens de capital para a apuração do Imposto de Renda. Com relação à desoneração, a MP altera a incidência das contribuições previdenciárias devidas pelas empresas de mais de 25 setores. Quanto à depreciação de bens de capital para a apuração do Imposto de Renda, a MP permite que as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real tenham direito à depreciação acelerada, calculada pela aplicação adicional da taxa de depreciação usualmente admitida, sem prejuízo da depreciação contábil das máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos. O Ministro da Fazenda, Guido Mantega, já havia anunciado que empresas que comprassem máquinas e equipamentos ainda este ano receberiam esse incentivo tributário que, na prática, permite reduzir o pagamento de impostos a curto prazo. A MP define que a depreciação acelerada aplica-se aos novos bens, adquiridos entre 16 de setembro e 31 de dezembro deste ano. A apuração da depreciação por esses novos critérios será feita a partir de 1º de janeiro de 2013. 
  • Economista-chefe do FMI prevê que crise vai durar até 2018O economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Olivier Blanchard, acredita que será preciso uma década para superar a crise financeira e econômica que começou em 2008, e adverte que reduzir demais a dívida pode afogar a economia. "Ainda não podemos falar de uma década perdida, mas desde a explosão da crise, deverá passar, pelo menos, dez anos para que a economia mundial saia dela". O responsável pelo FMI explicou que o elevado nível da dívida em muitos países da Europa é algo perigoso, porque poderia levar os Estados a terem que declarar falta de pagamentos. "É inquestionável que devemos reduzir a dívida", afirma. Neste sentido, o economista pede que cada país encontre seu ritmo adequado para reduzir a dívida e adverte que se a velocidade baixar muito, poderá afogar a economia. Ao mesmo tempo, o economista disse que "não é somente necessário, mas aconselhável que a inflação da Alemanha seja mais alta", o que aumentaria os salários reais da população e, assim, seu poder aquisitivo. Se o Banco Central Europeu (BCE) quer manter seu objetivo para a inflação em 2% enquanto os ajustes são aplicados, nos países centrais o percentual deveria ficar acima desse marcador, enquanto na periferia européia teria que estar abaixo. Segundo Blanchard, esta política não representa provocar uma hiperinflação, já que o equilíbrio será mantido "graças às condições gerais da demanda e o compromisso do BCE com a estabilidade dos preços". Com relação à Zona do Euro, Blanchard considera importante que seja realizada a união fiscal e bancária para decidir "dar um passo para frente ou para trás. O fato é que não dá para seguir da mesma maneira que está agora. Não acho que haja alguém que queira dar um passo para trás", ressaltou. Blanchard também lembra que, apesar da atenção estar voltada para os problemas da Europa, outras regiões do mundo também enfrentam grandes desafios. Os problemas orçamentários dos EUA, os ajustes nas contas públicas japonesas e o arrefecimento do crescimento na China são alguns dos problemas mencionados pelo economista do FMI.
  • Mercado reduz projeção da SELIC para 2013: O mercado vem mudando um pouco as projeções feitas com relação à SELIC, tanto para 2012, quanto para 2013. Para 2012, o último Boletim Focus de setembro aponta a SELIC fechando o ano em 7,50%, ou seja, mantendo o atual patamar decidido na última reunião do COPOM. Dessa forma, estima-se que na próxima reunião a taxa seja mantida, e não diminuída, como se esperava anteriormente (até porque a inflação está pressionada). Para 2013, o mercado estima a SELIC em 8,00%, meio ponto percentual abaixo da última previsão, que era de 8,50%. Portanto, o mercado prevê aumento de meio ponto percentual no decorrer de 2013, e não mais de 1,25 ponto percentual como projetado em agosto. É importante reiterar que a inflação aumentou no mês de setembro, confirmando a tendência que este boletim e o próprio mercado têm apresentado de que a inflação irá fechar próximo de 5,50% em 2012, o que pode mudar as análises até então consideradas sobre a redução da SELIC (em outras palavras, pode-se iniciar um novo ciclo de aumento, mesmo que em pequenas proporções). O aumento da taxa é praticamente certo; a dúvida é se acontecerá ainda neste ano.
  • Dólar fecha setembro a R$ 2,0306: O Dólar encerrou o mês de setembro em R$ 2,0306, redução de -0,24% em relação a agosto. Com isso, o ganho anual caiu de 8,66% para 8,50%. O Euro fechou o mês em R$2,6109. Especificamente com relação ao Dólar, a cotação final de setembro continua se mantendo dentro do intervalo considerado pelo mercado como ‘banda informal’ (entre R$ 1,90 e R$ 2,10). A previsão para a taxa de câmbio, feita pelo Banco Central para 2012, conforme o último Boletim Focus de setembro, está em R$ 2,00. Para 2013, a taxa de câmbio também está estimada em R$ 2,00.
  • IPCA de setembro fica em 0,57%: Índice que mede a inflação oficial brasileira mostrou aceleração em setembro, quanto comparado com agosto: 0,57%, ante 0,41% no mês passado. Trata-se da maior variação para o mês de setembro desde 2003. Com isso, o resultado em 2012 aponta uma inflação acumulada de 3,77%, ainda abaixo dos 4,97% verificados no mesmo período do ano passado. Considerando os últimos 12 meses, o IPCA situa-se em 5,28%, acima dos 5,24% relativos aos 12 meses imediatamente anteriores, e cada vez mais distante do centro da meta estipulada pelo governo, que é de 4,50%. A expectativa do Banco Central, no último Boletim Focus de setembro, é que o IPCA encerre 2012 em 5,36% (alta de 0,16 ponto percentual em relação à projeção feita no início do mês). E para 2013, a projeção é de 5,48%.
  • Grupo ‘Alimentação e Bebidas’ continua como o principal vilão da inflação: O aumento nos preços dos ‘Alimentos e Bebidas’ (de 0,88% em agosto para 1,26% em setembro) causou impacto de 0,30 ponto percentual no IPCA, com destaque para a batata inglesa, a cebola e a mandioca. Os grupos ‘Habitação’ e ‘Despesas Pessoais’ também apresentaram forte impacto na inflação do mês (0,10 e 0,08 pontos percentuais, respectivamente). Já o grupo ‘Transportes’ apresentou redução de -0,08% em setembro, impacto de -0,02 no IPCA.
  • IGP-M desacelera um pouco em setembro e fica em 0,97%: O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), a chamada ‘inflação do aluguel’, desacelerou em setembro, e atingiu 0,97% no mês, frente a 1,43% verificado em agosto, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). No ano, o IGP-M acumula alta de 7,0945% e de 8,0705% nos últimos 12 meses. As projeções do Banco Central, em seu último Boletim Focus de setembro, apontam aceleração do IGP-M para 2012, de 8,03% (início do mês) para 8,60% (final do mês); para 2013, a projeção saltou de 5,01% (início do mês) para 5,38% (final do mês).
  • Inadimplência do cartão de crédito subiu para 28,05% em agostoA inadimplência das pessoas físicas no cartão de crédito cresceu pelo 2º mês seguido, para 28,05% em agosto, segundo o Banco Central. No mês anterior, estava em 27,99%. O estoque das dívidas no cartão ficou estável em agosto em relação a julho e apresenta crescimento de 5% no ano e 9,1% em 12 meses, para R$ 37,422 bilhões.
  • Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) aponta que 41% dos brasileiros estavam inadimplentes em agostoNo mês de agosto, 41% dos consumidores brasileiros estavam ou ficaram impossibilitados de fazer compras a prazo por terem tido seus nomes incluídos no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), segundo pesquisa nacional realizada pelo próprio SPC. Apesar desse universo incluir pessoas da classe A e B, o estudo mostra que os brasileiros das classes C e D são os que mais sofrem com a situação da inadimplência. Entre os motivos estão a falta de planejamento financeiro e a dificuldade de avaliar o quanto efetivamente pagam quando fazem compras parceladas. A pesquisa aponta uma relação direta entre renda e escolaridade, sendo que quanto maior a renda mensal per capita, maior o nível de instrução. O economista da SPC Brasil, Nelson Barrizzelli, disse que um dos fatores que evitariam a inadimplência seria o conhecimento dos juros embutidos nos financiamentos. "Em casos como o do cartão de crédito e dos juros do cheque especial, os custos cobrados ao final superam em muito os do principal utilizado. Um conhecimento efetivo sobre esses juros evitaria que as famílias se tornassem inadimplentes pelo uso inadvertido desses instrumentos de crédito", afirmou o economista.
  • País gerou 100.938 empregos formais em agosto: Segundo os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram criados no Brasil, no mês de agosto, 100.938 novas vagas de emprego com carteira assinada. Embora em crescimento, os resultados deste mês apontam perda de dinamismo na criação de empregos no Brasil. No acumulado do ano, foram gerados 1.373.803 novos postos de trabalho. Em termos setoriais, os dados mostram que os Serviços foram os que registraram maior número de novas vagas em agosto (+54.323 postos). O Comércio gerou 31.347 novos postos, a Indústria da Transformação 16.438 novos postos, e a Construção Civil gerou 11.278 novos postos. A Agricultura, por motivos sazonais, foi o único setor que registrou queda no emprego (-16.615 postos).
  • Expansão da renda média impulsiona queda da desigualdade social no BrasilA expansão do mercado de trabalho no Brasil aliada a um incremento de mais de 8% na renda mensal entre 2009 e 2011, em pleno período após o estouro da crise econômica mundial, impulsionaram a redução nos níveis de desigualdade social no País. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento médio mensal real dos brasileiros cresceu 8,3% em 2011 em relação a 2009, atingindo R$ 1.345,00. O maior aumento foi nas classes de trabalhadores com os rendimentos mais baixos, 29,2% na faixa até R$ 186 por mês, 27% na faixa até R$ 447 mensais, 12,4% até R$ 545 e 13,6% na faixa de R$ 616 ou mais. Com a redução da desigualdade social, o índice Gini brasileiro melhorou, caindo de 0,518 para 0,501 (o indicador utilizado internacionalmente varia de 0, situação de perfeita igualdade, a 1, situação de desigualdade máxima). Na região Norte do Brasil foi registrado o contrário das demais áreas do País, com as classes mais baixas perdendo renda, e os 20% mais ricos ampliando a concentração e contribuindo para a elevação dos níveis de desigualdade. No cenário mais geral da pesquisa, apesar da evolução, o Brasil segue ainda muito desigual. Em 2011, segundo o IBGE, os 10% mais ricos concentravam 41,5% dos rendimentos da população ocupada. Em 2009, essa faixa da população acumulava 42,5% da renda. Já os 10% mais pobres detém somente 1,4% dos rendimentos em 2011, em comparação a 1,2% em 2009. Segundo as informações da PNAD, os trabalhadores com carteira assinada tiveram ganho real de 4,9% em relação a 2009, passando a receber mensalmente, em média, R$ 1.303,00. Os militares e estatutários e outros, sem carteira assinada, também tiveram acréscimo de 6,2% e 11,6%, respectivamente. Ainda de acordo com o IBGE, para os trabalhadores domésticos com registro formal em carteira de trabalho, houve um incremento de 5,2% em média na renda mensal de 2009 para 2011. Para os trabalhadores sem vínculo formal em carteira, o avanço na renda mensal foi 15,2% em média. Na análise por gênero, segundo as informações do IBGE, o rendimento médio das mulheres foi de R$ 997,00 em comparação aos R$ 1.417,00 dos homens, com as mulheres ganhando em média o equivalente a 70,4% do rendimento dos homens. Houve ligeira melhora da diferença entre a remuneração média em relação a 2009, quando a proporção nessa mesma base de comparação era de 67%. Entre os homens, só 22% recebiam até um salário mínimo, enquanto entre as mulheres o percentual se aproxima de um terço, cerca de 31,4%. O IBGE pondera, no entanto, que não se trata de discriminação no mercado de trabalho, uma vez que são comparados dados gerais e não são comparados dados referentes a homens e mulheres que estão no mercado de trabalho, com as mesmas condições, carga horária e função, o que torna impossível uma comparação para efeitos estatísticos. O IBGE aponta ainda, segundo os dados compilados na PNAD, que o rendimento médio mensal dos domicílios brasileiros ficou em R$ 2.419 em 2011, com um ganho real de 3,3% em relação a 2009. Segundo o instituto, esse aumento foi verificado em todas as regiões. O maior crescimento foi no Centro-Oeste (6,6%), também o local com maior remuneração media, na faixa de R$ 2.936,00. A região Nordeste teve a menor variação no ganho mensal, de aproximadamente 2%, e o menor valor médio do País, na casa de R$ 1.607. Em todas as classes houve crescimento de rendimento domiciliar. Esse movimento foi notado, segundo o IBGE, principalmente na camada da população com rendimentos mais baixos. A região Sul registrou queda do rendimento médio entre as 10% das pessoas mais ricas, cuja renda caiu 1,8%, passando de R$ 9.855,00 em média, para R$ 9.683,00. Na região Nordeste também foi repetido esse mesmo cenário.