segunda-feira, 5 de novembro de 2012

TERMÔMETRO ECONÔMICO - Outubro de 2012


No mês de outubro, o Ambiente Econômico apresenta como destaques a redução da SELIC (talvez a última do ciclo que se iniciou a pouco mais de um ano), a aceleração da inflação, a queda da produção industrial, a estabilidade da inadimplência de pessoas e empresas, e o pequeno avanço do país no ranking mundial de competitividade. De forma geral, o cenário brasileiro demonstra perspectiva de encerrar 2012 com fraco crescimento econômico e aceleração inflacionária, o que já aponta a necessidade de retomada do aumento da taxa de juros para 2013.

  • Boletim Focus reduz estimativa do PIB em 2012 para 1,54%: De acordo com o último Boletim Focus de outubro, o Banco Central reduziu mais uma vez a previsão do PIB para 2012, de 1,57% no início do mês, para 1,54% no final de outubro. Para 2013, a projeção se manteve, pela 13ª semana seguida, em 4,00%.
  • Produção Industrial brasileira cai em setembro: Em setembro, a Produção Industrial atingiu 47,1 pontos, contra 54,7 registrados em agosto, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O indicador varia de zero a cem pontos, sendo que valores acima de 50 representam aumento da produção. Em setembro de 2011, o índice havia registrado 49,1 pontos. Segundo a CNI, a indústria não deu continuidade ao crescimento da atividade registrado no mês anterior e reduziu a produção, sendo a elevada carga tributária, a competição acirrada de mercado e a falta de demanda os principais motivos apontados.
  • IBGE também aponta queda na Produção Industrial: Em setembro, a Produção Industrial caiu 1,0% em relação a agosto, após registrar taxas positivas por 3 meses consecutivos, e alcançou 16 dos 27 ramos investigados. Frente a setembro de 2011, o total da indústria apontou queda negativa de 3,8% em setembro de 2012, 13ª taxa negativa consecutiva nesse tipo de comparação. O acumulado em 2012 registra queda de -3,5%.
  • COPOM reduz SELIC para 7,25% ao ano: Contrariando algumas previsões de que a SELIC não seria reduzida, o Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central, em sua última reunião ocorrida em 09 e 10 de outubro, decidiu reduzir pela 10ª vez consecutiva a taxa básica de juros da economia brasileira, de 7,50% para 7,25% a.a., novo recorde histórico de baixa. Entretanto, diferentemente das reuniões anteriores, a decisão não foi unânime, com alguns membros votando pela sua manutenção em 7,50%. O que é unânime entre os analistas de mercado é que a autoridade monetária, com esta última redução da SELIC, encerrou de fato o ciclo de afrouxamento monetário iniciado há pouco mais de um ano. De agosto de 2011 até hoje, a SELIC foi reduzida em 5,25 pontos percentuais. A ata da reunião aponta como argumentos dos votos contrários à redução o fato de que já existem pressões de demanda e de custos sobre a inflação, merecendo ser observado com maior atenção, visto que o IPCA tem demonstrado aceleração nos últimos resultados, principalmente vindo do grupo de ‘Alimentos e Bebidas’. A expectativa agora é que a SELIC seja mantida em 7,25% pelas próximas reuniões do COPOM, e somente a partir do 2º semestre de 2013 a taxa sofra novas alterações (provavelmente com movimentos de alta). A próxima reunião do COPOM, a última de 2012, ocorrerá em 27 e 28 de novembro, e a 1ª de 2013 ocorrerá em 15 e 16 de janeiro. Para 2012, o último Boletim Focus de outubro aponta a SELIC fechando o ano em 7,25%, ou seja, mantendo o atual patamar decidido na última reunião do COPOM. Dessa forma, estima-se que na próxima reunião a taxa seja mantida. Para 2013, o mercado estima a SELIC em 7,63%, 0,37% abaixo da última previsão, que era de 8,00%. É importante reiterar que a inflação continuou se acelerando em outubro, confirmando a tendência que este boletim e o próprio mercado têm apresentado de que a inflação irá fechar próxima de 5,50% em 2012.
  • Dólar fecha outubro a R$ 2,0313: O Dólar encerrou o mês de outubro em R$ 2,0313, alta de 0,19% em relação a setembro. Com isso, o ganho anual subiu de 8,50% para 8,61%. O Euro fechou o mês em R$2,6348. A previsão para a taxa de câmbio, feita pelo Banco Central para 2012, conforme o último Boletim Focus de outubro, está em R$ 2,02. Para 2013, a taxa de câmbio está estimada em R$ 2,01.
  • O espaço de variação do câmbio no Brasil: A cotação do Dólar no final de outubro continuou se mantendo dentro do intervalo considerado pelo mercado como ‘banda informal’ (entre R$ 1,90 e R$ 2,10). O Ministério da Fazenda já fez intervenções para a moeda brasileira não se valorizar e anunciou que o governo interviria novamente, “se necessário”. Essas ações, no entanto, não significam que o Brasil tenha um câmbio fixo. O governo está mantendo a taxa de câmbio nominal fixa mas, nos termos reais, está apreciado. Os salários estão crescendo acima da produtividade e os custos de produção no Brasil crescem mais que no exterior. A Confederação Nacional do Comércio acredita que essa taxa de câmbio não vai persistir por muito tempo – e que o Dólar pode subir. “Em um movimento global de aversão a risco, o Banco Central não tem como segurar o câmbio, a menos que o governo mude o sistema para câmbio fixo, o que não vejo acontecendo”, disse João Felipe Santoro Araujo, economista da Confederação Nacional do Comércio. Utilizar o câmbio para estimular a competitividade da indústria funciona somente no curto prazo, segundo José Márcio Camargo, professor de economia da PUC-Rio. “Para fazer a indústria permanecer competitiva, seria preciso continuar desvalorizando. Seria perigoso para a inflação”, disse. Na apresentação do Relatório de Inflação, no mês passado, Carlos Hamilton Araújo, diretor de Política Econômica do Banco Central, afirmou que a desvalorização do real, que vem ocorrendo desde agosto de 2011, exerceu algum impacto sobre a inflação. No Brasil, a confecção de muitos produtos utiliza insumos importados, logo, o Dólar valorizado leva ao aumento de preço do produto final, gerando inflação. “Hoje, boa parte do funcionamento da economia brasileira, para ter inflação menor e PIB maior, depende muito da situação internacional”, disse Braga.
  • IPCA-15 de outubro fica em 0,65%: Prévia do índice que mede a inflação oficial brasileira mostrou, novamente, aceleração em outubro, quanto comparado com setembro: 0,65%, ante 0,48% no mês passado. Com isso, o resultado em 2012 aponta uma inflação acumulada de 4,49%, ainda abaixo dos 5,48% verificados no mesmo período do ano passado. Considerando os últimos 12 meses, o IPCA-15 situa-se em 5,56%, acima dos 5,31% relativos aos 12 meses imediatamente anteriores, e cada vez mais distante do centro da meta estipulada pelo governo, que é de 4,50%. A expectativa do Banco Central, no último Boletim Focus de outubro, é que o IPCA encerre 2012 em 5,44% (alta de 0,08 ponto percentual em relação à projeção feita no início do mês). E para 2013, a projeção é de 5,40%.
  • Grupo ‘Alimentação e Bebidas’ continua como o principal vilão da inflação: O aumento nos preços dos ‘Alimentos e Bebidas’ (de 1,08% em setembro para 1,56% em outubro) causou impacto de 0,37 ponto percentual no IPCA-15, com destaque para a carne e o arroz. Os grupos ‘Vestuário’ e ‘Habitação’ também apresentaram forte impacto na inflação do mês. Já os grupos ‘Educação’ e ‘Despesas Pessoais’ apresentaram redução em outubro.
  • IGP-M desacelera fortemente em outubro e fica em 0,02%: O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), a chamada ‘inflação do aluguel’, desacelerou fortemente em outubro, e atingiu 0,02% no mês, frente a 0,97% verificado em setembro, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O destaque foi a queda dos preços das matérias primas brutas. O resultado ficou abaixo das expectativas do mercado, cujas contas variavam entre 0,01% e 0,23% de alta. No ano, o IGP-M acumula alta de 7,12% e de 7,52% nos últimos 12 meses. As projeções do Banco Central, em seu último Boletim Focus de outubro, apontam IGP-M para 2012 de 7,92%; para 2013, a projeção é de 5,16%.
  • Inadimplência volta a crescer no país em outubroDepois de atingir, em setembro, o menor índice dos últimos dois anos, o percentual de famílias inadimplentes voltou a crescer em outubro. Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor da Confederação Nacional do Comércio (CNC), as famílias com dívidas ou contas em atraso passaram de 19,1% em setembro para 20,5% neste mês. O total de famílias com dívidas (não necessariamente em atraso), como cheque pré-datado, cartão de crédito, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguros, também subiu – de 58,9% em setembro para 59,2% em outubro. A pesquisa mostra, no entanto, que o total de famílias sem condições de pagar as contas ou dívidas atrasadas teve uma leve queda, de 7,1% para 7% entre setembro e outubro. Na comparação com o mesmo período do ano passado, todos os indicadores melhoraram, já que, em outubro de 2011, os percentuais eram os seguintes: famílias com dívidas (61,2%), inadimplentes (21,3%) e famílias sem condições de pagar as contas (8,2%).
  • Número de brasileiros que conseguiram tirar o nome da lista de inadimplentes é recorde: Estudo inédito da SERASA Experian aponta que o número de brasileiros que regularizaram suas pendências financeiras em 2012 e, conseqüentemente, limparam o nome, foi recorde. De janeiro a setembro, cerca de 15,1 milhões de consumidores renegociaram o pagamento de contas atrasadas e deixaram a base de inadimplentes. Segundo o presidente da SERASA Experian e da Experian América Latina, Ricardo Loureiro, “é uma ótima notícia para empresas e consumidores, pois devemos levar em conta que cada consumidor precisa regularizar em média quatro, cinco dívidas para deixar a lista de inadimplentes. O bom momento vivido pelo mercado de trabalho no país, com as taxas de desemprego em patamares historicamente baixos e ganhos salariais acima da inflação, está motivando as pessoas a quitar suas dívidas. Além disto, pela expressiva elevação da inadimplência a partir do início do ano passado, há uma conjuntura muito propícia à aproximação entre quem está devendo e quer pagar e quem está com débitos em haver e quer receber”. Para quem está endividado ou inadimplente e perdeu o controle das dívidas, o primeiro passo é buscar a renegociação. O consumidor deve aproveitar quando receber a parcela do 13º salário para organizar sua vida financeira. Ele mesmo pode regularizar suas dívidas diretamente com os credores, sem precisar contratar serviços de terceiros.
  • Inadimplência das empresas recua 9,2% em setembro: A inadimplência das empresas brasileiras recuou 9,2% em setembro, na comparação com agosto, conforme revelou o Indicador SERASA Experian de Inadimplência das Empresas, sendo esta a menor variação mensal desde maio deste ano. Na comparação com setembro de 2011, a inadimplência das empresas apresentou ligeiro avanço de 0,4%. Entre os acumulados de janeiro a setembro de 2012/2011, o crescimento foi de 12,7%.
  • País gerou 150.334 empregos formais em setembro: Segundo os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram criados no Brasil, no mês de setembro, 150.334 novas vagas de emprego com carteira assinada. No acumulado do ano, foram gerados 1.574.216 novos postos de trabalho. Em termos setoriais, os dados mostram que a Indústria da Transformação registrou o maior aumento no mês (+66.191 novos postos). Serviços (+55.221 novos postos), Comércio (+35.919 novos postos) e Construção Civil (+10.175 novos postos) também apresentaram resultados positivos. A Agricultura, por motivos sazonais, foi o único setor que registrou queda no emprego (-19.014 postos).
  • Brasil sobe duas posições em ranking de competitividade, mas ainda é pouco: Estudo da área de pesquisas da revista britânica The Economist mostra que o Brasil não terá grande evolução no quesito competitividade nos próximos anos. No novo ranking elaborado pela Economist Intelligence Unit, válido para o período de 2012 a 2016, o país aparece na 37ª posição. No anterior, que considerava os anos de 2007 a 2011, o Brasil estava em 39º lugar. A lista, que inclui 82 países e é liderada por Cingapura, Hong Kong e Suíça, mostra dois "velhos conhecidos" como os principais gargalos de competitividade brasileira: o custo da mão de obra e a carga tributária. De acordo com Justine Thody, analista responsável pelo estudo, a dificuldade do Brasil de subir no ranking é reflexo de "amarras estruturais". "E o país está ficando sem tempo para fazer as mudanças, pois a idade média da população está subindo”. O estudo mostra que, mesmo em áreas onde o Brasil começa a sair da inércia, como a infraestrutura, o ritmo ainda não é suficiente para que o país se destaque perante outras nações. Em infraestrutura, o Brasil vai continuar em 52ª lugar entre os 82 países analisados. "Não é que o Brasil não esteja fazendo nada, mas outras nações também estão empenhadas em melhorar”. Se a questão da infraestrutura é preocupante, a do custo da mão de obra e da carga tributária são vistas como urgentes. A estrutura de impostos deixa o Brasil na 76ª colocação no subitem tributos. O problema não são só as altas alíquotas - que correspondem a 35% do PIB -, mas também a dificuldade de as empresas entenderem o sistema. No quesito mão de obra, decisões como a desoneração da folha de pagamento para 24 setores da economia terão efeito marginal no desempenho do país nesse quesito. De uma medição para a outra, o Brasil passará da 66ª para 59ª posição.