terça-feira, 29 de março de 2011

Empresas ampliam áreas de Inteligência de Mercado

Muito interessante a reportagem publicada no Valor OnLine, em 21 de fevereiro de 2011, intitulada “Empresas ampliam áreas de inteligência de mercado”. Replico abaixo a reportagem, que pode ser acessada também pelo link http://www.valoronline.com.br/impresso/eu-carreira/108/386846/empresas-ampliam-areas-de-inteligencia-de-mercado?utm_source=newsletter&utm_medium=manha_21022011&utm_campaign=informativo

Como profissional ligado à área de Inteligência Estratégica, considero de fundamental relevância para as empresas a leitura e a reflexão sobre as possibilidades de ganho e de vantagem competitiva com a adoção de serviços e/ou implantação da atividade de IC.  

Abraços a todos!!

REPORTAGEM: EMPRESAS AMPLIAM ÁREAS DE INTELIGÊNCIA DE MERCADO
Vívian Soares | De São Paulo - 21/02/2011 - Ana Paula Paiva/Valor

Oportunidade: Departamentos de pesquisa crescem para entender as redes sociais e os novos consumidores. Com isso, aquecem o mercado para os profissionais especializados.

Uma área até pouco tempo inexistente nos organogramas das companhias começa a ganhar espaço: a inteligência de mercado. Com cerca de uma década de atuação nas empresas brasileiras, o setor cresceu nos últimos dois anos graças ao impacto das novas tecnologias, ao volume de informações geradas pelas redes sociais e à ascensão de novos consumidores no mercado interno. O resultado tem sido o aumento médio anual de 35% na contratação dos profissionais especializados, segundo estimativas dos headhunters ouvidos pelo Valor.

As equipes de pesquisa definem o que é relevante para a empresa e captam a informação, enquanto as de inteligência analisam os dados e os relacionam com o negócio. Ambas entraram em evidência recentemente nos setores de varejo, telecomunicações e bens de consumo.

É o caso da Johnson & Johnson que, no ano passado, deu status de diretoria à antiga gerência de pesquisa. Segundo Suzana Pamplona, diretora de pesquisa da empresa, a área vem crescendo e ganhando importância estratégica. "Nosso desafio é mostrar como o conhecimento do consumidor não apenas valida as ações do negócio, mas gera valor e oportunidades", afirma. Suzana ressalta que o destaque dessa área mostra que a empresa está se preparando para a entrada de novos consumidores e o impacto das novas tecnologias - o que deve gerar mais contratações na diretoria ainda este ano. "O crescimento da área de pesquisa está impulsionado pelo aumento do consumo interno. Precisamos conhecer cada vez esse mercado e os diferentes tipos de clientes", diz.

De acordo com Glenda Moreira, consultora da DM Executivos, as oportunidades para profissionais da área, normalmente vinculadas à diretoria de marketing, eram pontuais e concentradas em posições operacionais até o ano passado. Desde então, o recrutamento para executivos qualificados começou a crescer, dessa vez mais focado em posições de gestão. "As áreas de pesquisa e inteligência são estratégicas. Elas fornecem desde tendências de mercado até as ações dos concorrentes e dos consumidores."

Para Adriana Cambiaghi, gerente da Robert Half, a área de inteligência de mercado é uma das mais aquecidas dentro do marketing - e que deve registrar um dos melhores desempenhos em 2011. "As empresas estão começando a entender a importância disso para o negócio. Ainda há uma certa resistência a ouvir o que esses departamentos têm a dizer, mas isso tende a se dissipar", afirma.

"Grande parte do trabalho do profissional de pesquisa e inteligência é mostrar a relevância da área para a empresa", confirma a diretora de inteligência de mercado e consumidor da Vivo, Leda Kayano. No último ano, ela completou o quadro de profissionais para atuar em sua equipe, que hoje tem 11 pessoas.

A executiva afirma que, há alguns anos, a atuação nesse mercado se resumia à chamada inteligência competitiva, responsável por monitorar as ações dos concorrentes. "Hoje, nos pautamos por questões mais estratégicas como marca e relacionamento com os clientes", afirma.

A inclusão digital e a explosão de informações geradas nas redes sociais é, para Leda, um dos maiores pontos de atenção da equipe. "Não queremos só ouvir o que se fala da empresa, mas aliar o rigor técnico à tecnologia, inovar na captura da informação e desenvolver novas metodologias. Para isso, é preciso um novo perfil de profissional."

Na opinião de Paula Nader, superintendente executiva de identidade e gestão da marca do Santander, obter informações de públicos diferentes está entre as prioridades do time. "Um dos desafios é aprender a trazer dados de meios não convencionais de pesquisa de mercado como o twitter e os call centers", diz.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Como implantar um processo de Inteligência Competitiva em organizações

Artigo produzido por Frederico Cesar Mafra Pereira
Consultor Sênior da Global On Consultores Associados
Este artigo metodológico tem como objetivo apresentar, de forma sucinta, as principais fases de um processo de implantação efetiva de uma atividade de Inteligência Competitiva em organizações (IC). Com isso, o leitor será capaz de compreender tal processo, de forma objetiva e aplicada.

Introdução

A Inteligência Competitiva (IC) é uma atividade cada vez mais demandada pelas organizações, dada a necessidade de estarem sempre alertas ao que acontece em seu meio ambiente competitivo, de forma a não serem surpreendidas pelas ações dos diversos atores que influenciam seus negócios (clientes, concorrentes, fornecedores, governo, dentre outros). Dessa forma, seu principal papel é suportar a construção e revisão contínua dos cenários priorizados no processo de planejamento, identificando e analisando os sinais que prenunciam eventos cujas implicações impactem as estratégias e o posicionamento competitivo das empresas. Integrando o planejamento estratégico às atividades de marketing e de informação, a IC apresenta caráter multidisciplinar que envolve contribuições das áreas de Estratégia, Marketing, Tomada de Decisão, Ciência da Informação e Ciência da Computação.

Como um processo de coleta sistemática e ética de informações sobre as atividades dos concorrentes e tendências gerais do ambiente de negócios de uma empresa, a IC possui etapas básicas que são representadas no modelo denominado “Ciclo de Inteligência”: 1) Identificação das necessidades de informação; 2) Planejamento; 3) Coleta das informações; 4) Análise; 5) Disseminação e; 6) Avaliação.
Ciclo de Inteligência
Fonte: AMARAL et al., 2008.

Apesar do ciclo de inteligência ser uma das principais referências metodológicas da área de IC, ele se constitui em um arcabouço teórico que, na prática, não funciona da maneira unidirecional que se apresenta. Ou seja, um processo de estruturação e implantação de uma atividade de IC pode, inicialmente, ser baseado na metodologia do ciclo de inteligência, mas para ser aplicável, deve se adaptar ao processo de planejamento estratégico, aos objetivos do negócio e às expectativas da organização e/ou do setor de atuação. Muitas idas e vindas são necessárias para que o processo adquira o melhor formato, adequando-se à dinâmica do negócio, alinhando-se às demandas dos tomadores de decisão e gerando resultados eficazes.

O método proposto

Assim sendo, o primeiro passo de um processo para a implantação de uma atividade de IC deve ser a de entender o ambiente que envolve a organização, os atores e aspectos externos que influenciam na sua relação o setor de atuação e no desenvolvimento de seu negócio. Para tanto, deve ser utilizado o conceito de ambiente organizacional, o qual
... não é um conjunto estável, uniforme e disciplinado, mas um conjunto bastante dinâmico em que atua, constantemente, grande quantidade de forças, de diferentes dimensões e naturezas, em direções diferentes, e que muda a cada momento, pelo fato de cada uma dessas forças interferir, influenciar e interagir com as demais forças do ambiente. (OLIVEIRA, 2003)

O ambiente organizacional é caracterizado de diferentes maneiras por diversos autores, sendo que todas acabam refletindo os mesmos atores e variáveis[1].
O macroambiente é o ambiente mais amplo e genérico em que estão todas as organizações envolvidas direta ou indiretamente na atividade da organização... e este ambiente influencia de maneira semelhante todas as organizações. O setor de negócios é o setor específico de negócios da organização. É constituído por clientes ou consumidores, fornecedores, concorrentes e agências reguladoras... é o ambiente mais próximo e imediato da organização e é onde ela obtém seus recursos e coloca seus produtos e serviços. (CHIAVENATO e SAPIRO, 2003)
Ambiente organizacional
Fonte: Adaptado de CHIAVENATO e SAPIRO, 2003.


O segundo passo do processo é definir os usuários-chave a serem atendidos, bem como as suas necessidades de informação. Geralmente, a atividade de IC caracteriza-se como um projeto de cunho interno da empresa, com produtos que só são divulgados para os usuários em questão visando subsidiar suas decisões estratégicas[2]. As necessidades de informação dos usuários são identificadas a partir da compreensão de suas rotinas decisórias, as quais requerem embasamento de informações e análises mais aprofundadas. Tais necessidades informacionais representam, conceitualmente, as necessidades de inteligência destes usuários, e compõem a formatação dos tópicos-chave de inteligência, ou key intelligence topics (KITs) (HERRING, 1999). Os KITs proporcionam melhor foco e priorização dos esforços da atividade de inteligência para os temas informacionais considerados mais importantes pela organização e seus decisores, além de ajudarem na própria estruturação da atividade (número, perfil e habilidades requeridas dos profissionais de IC, tipos e quantidade de fontes de informação mínimas para suportar as necessidades de inteligência identificadas, tipos de produtos, etc.).

Portanto, a partir da realização de entrevistas individuais em profundidade (técnica exploratória qualitativa) junto aos decisores da empresa[3], e posteriormente sua análise, são definidos os KITs mais relevantes e indicados à proposta de estruturação da atividade de IC. Segundo Herring (1999), existem basicamente três categorias de KIT: 1) os tópicos de inteligência voltados a suportar as decisões estratégicas e táticas da organização (strategic decisions and actions); 2) os tópicos voltados à identificação e descrição de atores-chave do ambiente de negócios da organização (descriptions of the key-players) e; 3) os tópicos voltados ao monitoramento ambiental (early-warning topics). Para cada KIT devem ser descritos o tipo, seu objetivo específico, as questões-chave que devem ser respondidas (denominadas key intelligence questions, ou KIQs) e as ações e decisões suportadas.

A quarta etapa do processo refere-se à definição do portfólio de produtos de IC, os quais deverão apresentar características diferentes, mas ao mesmo tempo, complementares, em termos de periodicidade, foco, formato e até mesmo público-alvo.

Para a coleta das informações previstas em cada KIT, e conseqüentemente a elaboração dos produtos definidos, devem ser escolhidas fontes de informação consideradas as mais relevantes e confiáveis para a busca das informações de inteligência necessárias, bem como o próprio processo de coleta e filtragem das informações selecionadas[4]. A escolha das fontes deve se basear em levantamento prévio, considerando em primeiro lugar as principais publicações referentes a cada tema definido em cada KIT. Somadas a estas publicações, devem ser consideradas também as principais fontes citadas pelos decisores entrevistados como as mais utilizadas por eles na busca de informações para tomada de decisão e acompanhamento do ambiente de negócios.

Conclusões

A metodologia apresentada foi testada, inclusive, em organizações complexas, como Arranjos Produtivos Locais (APLs), e seu sucesso depende de alguns outros aspectos. Em primeiro lugar, o envolvimento e a crença da cúpula estratégica da empresa no projeto, desde o seu início, é fundamental para que o mesmo seja executado de forma completa, conseguindo gerar resultados práticos em pouco tempo. O feedback dos usuários das informações e produtos gerados pela inteligência também é fundamental para a consolidação da atividade e para o processo de avaliação contínua da IC.

Um terceiro ponto que pode potencializar um processo de IC refere-se à infraestrutura disponível para atividade (tecnologia e equipe). O ponto mais crítico relacionado à infraestrutura refere-se, com o passar do tempo, à necessidade de uma maior automatização do processo de coleta e organização das informações. Com o desenvolvimento natural que a atividade de IC acaba apresentando no futuro, é imprescindível o investimento em sistemas especializados de coleta e organização das informações, não só de fontes secundárias, mas também de fontes primárias (redes sociais).

Este último ponto que deve ser considerado como parte do processo de consolidação e avanço da atividade de IC. Já é notória a importância das informações obtidas via fontes primárias para o avanço e a melhoria do nível das informações e dos produtos de uma área de IC. Entretanto, a estruturação e a maneira mais correta de gerenciar as redes sociais e, principalmente, as informações que circulam nestas redes, é que têm se constituído em objeto de estudo e observação de diversos pesquisadores e empresas. Não se tem dúvida de que participar e tentar obter informações para inteligência via redes sociais deve ser o caminho a ser seguido pela atividade de IC; o que precisa ser bem estudado é “como fazer” este caminho de maneira menos teórica e mais pragmática.

Referências:
AMARAL, R.M., GARCIA, L.G., ALLIPRANDINI, D.H. Mapeamento e gestão de competências em inteligência competitiva. DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação. Rio de Janeiro, v.9, n.6, dez., 2008.
AUSTER, Ethel, CHOO, Chun Wei. How senior managers acquire and use information in environmental scanning. Information Processing and Management, v.30, n.5, p.607-618, 1994.
BAPTISTA, Sofia Galvão, CUNHA, Murilo Bastos. Estudo de usuários: visão global dos métodos de coleta de dados. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v.12, n.2, p.168-184, maio/ago. 2007.
BARBOSA, Ricardo Rodrigues. Inteligência Empresarial: uma avaliação de fontes de informação sobre o ambiente organizacional externo. DataGramaZero – Revista de Ciência da Informação, Belo Horizonte, v.3, n.6, dezembro de 2002.
CHIAVENATO, Idalberto, SAPIRO, Arão. Planejamento Estratégico: fundamentos e aplicações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
DAFT, R.L., SORMUNE, J., PARKS, D. Chief executive scanning, environmental characteristics, and company performance: an empirical study. Strategic Management Journal, v.9, n.2, p.123-139, 1988.
DEGENT, R.J. A importância estratégica e o funcionamento do serviço de inteligência empresarial. Revista de Administração de Empresas, v.26, n.1, p.77-83. jan/mar, 1986.
FREMONT, K. Scanning the future environment: social indicators. California Management Review, v.23, n.1, p.22-32, Fall, 1980.
GOMES, E.; BRAGA, F. Construção de um sistema de inteligência competitiva. In: STAREC, C.; GOMES, E.; CHAVES, J. B. L. (Orgs.). Gestão estratégia da informação e inteligência competitiva.  São Paulo: Saraiva, 2006. p. 111-123.
HERRING, Jan P. Key Intelligence Topics: A Process to Identify and Define Intelligence Needs. Competitive Intelligence Review, v.10(2), p.4-14, 1999.
HERRING, Jan P. Create an Intelligence Program for current and future business needs. Competitive Intelligence Magazine, v8, n.5, p.20-27, Sep-Oct, 2005.
KAHANER. L. Competitive intelligence: how to gather, analyze, and use information to move your business to the top. New York: Touchstone Books, 1998.
LODI, C. F. G. Planejamento por cenários e inteligência competitiva: integrando seus processos para tomar decisões estratégicas mais eficazes. In: STAREC, C.; GOMES, E.; CHAVES, J. B. L. (Orgs.). Gestão estratégia da informação e inteligência competitiva.  São Paulo: Saraiva, 2006. p. 111-123.
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Planejamento Estratégico: conceitos, metodologia, práticas. 19ª edição. São Paulo: Atlas, 2003.
TYSON, K. W. M. Competitor intelligence manual and guide. Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1990.

[1] Vale destacar que o processo de definição e monitoramento de fontes deve estar sempre em constante avaliação, pois no dia-a-dia são verificadas possíveis novas fontes a serem agregadas ao trabalho de monitoramento, e outras podem ser removidas, caso as novas fontes consigam agregar mais informação ao processo.
[2] Entretanto, em algumas instituições de classe (como associações, sindicatos, federações, etc.), é possível desenvolver um processo de IC voltado para o público externo, ou seja, os associados, sindicalizados ou federados da instituição.
[3] Em estudos de usuários de informação, Baptista e Cunha (2007) destacam que a pesquisa qualitativa focaliza a atenção nas causas das reações dos usuários e na resolução de problemas informacionais, além dos aspectos subjetivos da experiência e do comportamento humano, com um enfoque mais holístico do que o método quantitativo de pesquisa.
[4] Degent (1986), Daft, Sormune e Parks (1988), Auster e Choo (1994), Barbosa (2002), Fremont (1980), Chiavenato e Sapiro (2003).

sexta-feira, 18 de março de 2011

Os tipos existentes de estratégia para uma organização


Artigo produzido por Frederico Cesar Mafra Pereira
Consultor Sênior da Global On Consultores Associados
Este artigo teórico tem como objetivo apresentar, de forma geral, o conceito de estratégia utilizado no âmbito das organizações, e seus subtipos.  Com isso, o leitor será capaz de compreender melhor tais tipos de estratégias, principalmente quando esta estiver em fase de elaboração (ou revisão) de seu planejamento estratégico.

A definição do conceito de estratégia, no contexto empresarial, é algo já muito difundido e discutido entre teóricos, consultores e profissionais do mercado. Entretanto, quando se parte efetivamente para um processo de elaboração de estratégias (planejamento estratégico), as organizações e seus decisores se deparam com algumas “confusões conceituais”, principalmente no momento de definirem as estratégias organizacionais relacionadas aos mais diferentes níveis de sua hierarquia funcional e/ou de poder decisório.

Mas, “começando do início...”, o que significa, afinal, estratégia?

Oliveira (2003) define estratégia como “... um caminho, ou maneira, ou ação formulada e adequada para alcançar, preferencialmente, de maneira diferenciada, os desafios e objetivos estabelecidos, no melhor posicionamento da empresa perante seu ambiente”.

Portanto, a finalidade da estratégia é estabelecer os caminhos necessários para que a empresa alcance os objetivos previstos no seu planejamento. Diz respeito ao posicionamento que uma organização deseja ter para obter vantagem competitiva. Envolve escolhas a respeito de quais setores deve atuar, de quais produtos e serviços deve oferecer, e de como deve alocar seus diversos recursos corporativos (financeiros, humanos, tecnológicos, de infraestrutura, etc.), tendo em vista a minimização de seus problemas e a maximização das oportunidades de mercado.

Uma estratégia bem formulada ajuda a empresa a se organizar e a alocar seus recursos em prol de uma postura viável e, de preferência, diferenciada, baseada em suas competências e deficiências internas, e nas mudanças e tendências que conseguir antecipar no seu ambiente de negócios.

O termo “estratégia” vem do grego “strategos”, e significa, literalmente, a “arte do general”. “Importada” do contexto militar, a estratégia hoje é, intuitivamente, bem compreendida no contexto empresarial em seu sentido mais amplo, mas apresenta ainda dificuldade de entendimento quando exige, de seus formuladores, um olhar mais aprofundado sobre os níveis e subtipos existentes, os quais guardam diferenças fundamentais de significado, escopo, profundidade, de formulação e de possibilidade de implementação.

Os tipos de estratégias existentes

De forma geral, existem três tipos (ou níveis) de estratégias organizacionais, as quais devem ser formuladas e implementadas de maneira interrelacionada:

·      Estratégia Corporativa: refere-se ao primeiro nível de definição estratégica, e determina as áreas de negócio da empresa, que devem conduzi-la a ingressar ou a sair de um setor, a fim de que tenha um leque de negócios equilibrados.
Quando da formulação de sua estratégia corporativa, a empresa deve buscar responder à seguinte questão central: “Como alcançarmos nossa visão estratégica, e em quais negócios devemos atuar?”

·      Estratégia Competitiva: refere-se ao segundo nível de definição estratégica, e determina quais os movimentos de mercado a empresa deve realizar para posicionar-se favoravelmente diante de seus concorrentes, em um dado setor.
Quando da formulação de sua(s) estratégia(s) competitiva(s), a empresa deve buscar responder à seguinte questão central: “Como devemos competir nos negócios escolhidos?”

·      Estratégia Funcional: refere-se ao terceiro nível de definição estratégica, e determina as atividades, projetos e planos de ação necessários para a execução operacional das estratégias corporativa e competitiva(s) definidas.
Quando da formulação de suas estratégias funcionais, a empresa deve buscar responder à seguinte questão central: “Como cada área /unidade deve agir para implementar as estratégias corporativa e competitiva(s) definidas?”

A figura a seguir ilustra os três tipos de estratégias existentes em uma organização, considerando a divisão clássica organizacional nos níveis “estratégico”, “tático” e “operacional”.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

Conclusões

Para os responsáveis pela formulação de planos e tomada de decisão, mais importante do que compreender o conceito genérico de estratégia, é conhecer seus subtipos e aplicá-los num processo de planejamento estratégico que reflita, em cada nível organizacional, os objetivos, metas, procedimentos e responsabilidades necessárias para que a empresa alcance o que foi planejado, além de permitir um eficaz processo de controle e acompanhamento das estratégias propostas em cada nível organizacional.

Referências
BETHLEM, Agricola de Souza. Estratégia Empresarial: conceitos, processo e administração estratégica. São Paulo: Editora Atlas, 2002.
CHIAVENATO, I. & SAPIRO, A. Planejamento Estratégico – fundamentos e aplicações. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2003.
JULIO, Carlos Alberto. A arte da estratégia: pense grande, comece pequeno e cresça rápido. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
KLUYVER, Cornelis A. de & PEARCE II, John A. Estratégia: uma visão executiva. 2ª edição. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
LARENZA, Ademir (org.) Estratégias Empresariais – pesquisas e casos brasileiros. São Paulo: Saint Paul Editora, 2008.
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Planejamento Estratégico: conceitos, metodologia, práticas. São Paulo: Editora Atlas, 1986.
PORTER, Michael. Estratégia Competitiva. 2ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
TAVARES, Mauro Calixta. Gestão Estratégica. 2ª edição; São Paulo: Editora Atlas, 2007.
WRIGHT, Peter, KROLL, Mark J., PARNELL, John. Administração Estratégica – Conceitos. São Paulo: Editora Atlas, 2007.

quinta-feira, 3 de março de 2011

A influência dos filtros organizacionais e culturais na Gestão do Conhecimento e no Processo Decisório

Programa Espacial - Challenger x Columbia

Porque as empresas não aprendem com seus erros?
Artigo produzido por Luiz Fernando Magri
Consultor Sênior da Global On Consultores Associados

A essência da decisão permanece impenetrável ao observador - e muitas vezes, na verdade, até mesmo a quem decide. [...] Sempre haverá aspectos obscuros e confusos no processo de tomada de decisão - misteriosos mesmo para aqueles que estão intimamente envolvidos.
John F. Kennedy, citado por Theodore Sorensen no prefácio de “Decision-Making in the White House”.



Toda tomada de decisão formal nas organizações é estruturada por procedimentos e regras que especificam papéis, métodos e normas. A idéia é que as regras e rotinas esclareçam o necessário processamento da informação diante de problemas complexos, incorporem técnicas eficientes e confiáveis aprendidas com a experiência e coordenem ações e resultados dos diferentes grupos organizacionais. Seguir rotinas e procedimentos pode institucionalizar certas visões de mundo, formar hábitos de aquisição e transmissão de informações, e estabelecer valores e normas capazes de influenciar a maneira como a organização lida com a escolha e a incerteza. O resultado que se espera dessa combinação de cultura, comunicação e consenso é uma maior eficiência das decisões e um comportamento decisório mais racional. O resultado não pretendido é a rigidez das rotinas decisórias e dos valores que orientam a decisão, assim como o desejo coletivo de manter o sistema interligado de cultura e comunicação construído ao longo do tempo. Em alguns casos, ambos os efeitos podem funcionar contra o objetivo original de melhorar o comportamento decisório, impedindo que os membros da organização interpretem com precisão as novas informações e as utilizem de uma maneira racional.



A 28 de janeiro de 1986, às 11h38, a nave espacial Challenger foi lançada em Cabo Canaveral, na Flórida. A missão terminou 73 segundos depois, quando a Challenger se desintegrou numa nuvem de fogo e fumaça. Os sete tripulantes morreram na explosão. 

A comissão presidencial que investigou o acidente concluiu que ele foi causado pela explosão do tanque de combustível do foguete direito, provocada pelo acumulo de gases propelentes e uma falha no anel de vedação. A comissão também concluiu que "a decisão de lançar a Challenger foi errada", faltando à administração do projeto uma estrutura que permitisse que as histórias recentes sobre problemas nos anéis de vedação chegassem aos responsáveis pelas decisões. A Câmara Federal conduziu sua própria investigação e também concluiu que "o problema fundamental foi o erro na tomada de decisões técnicas por parte da direção da NASA ao longo de vários anos"

Na tarde de 27 de janeiro de 1986, véspera do lançamento, o serviço meteorológico previu um tempo inusitadamente frio para a Flórida, com temperaturas muito baixas nas primeiras horas do dia 28. Os engenheiros da Thiokol, empresa que cuidava das vedações do ônibus espacial, manifestaram sua preocupação de que, a temperaturas tão baixas, os anéis pudessem enrijecer e não vedar as juntas. 

Na noite do dia 27, duas conferências telefônicas foram realizadas em três lugares (na Thiokol, no Marshall Center e no Kennedy Space Center) para discutir se o lançamento devia ser adiado.

Um engenheiro administrador da NASA, num dado momento da reunião, disse que, como a temperatura das juntas de vedação nunca fora um critério para lançamento, a Thiokol estava efetivamente tentando criar novos critérios na véspera do lançamento. Ele então exclamou: "Meu Deus, Thiokol, quando vocês querem que eu faça o lançamento, em abril?".

Após discussões entre os engenheiros sobre o limite de variância dos parâmetros e a aceitação do nível de risco, o diretor de projetos perguntou a todos as participantes da teleconferência se havia algum acordo ao comentário sobre a recomendação da Thiokol. Ninguém disse mais nada. Como era procedimento normal na NASA, foi enviado um fax do documento de recomendação. A teleconferência terminou. As 11h38min da manhã seguinte, a Challenger foi lançada. A temperatura local era de 2°C. Segundos depois, o ônibus espacial explodiu. 

Decorridos precisamente 17 anos e 4 dias do lamentável acontecimento com a Challenger, no dia 1º de fevereiro de 2003, outra catástrofe interrompe novamente o programa de lançamentos de ônibus espaciais:


Em 1º de fevereiro de 2003, às 09h00, o ônibus espacial Columbia se desintegrou durante sua reentrada na atmosfera da Terra. Os destroços ficaram espalhados em uma área que abrangeu três estados norte americanos: Texas, Louisiana e Arkansas, e os sete tripulantes morreram no acidente.

Ao ser lançado no dia 16 de janeiro de 2003, o ônibus espacial Columbia teve sua asa esquerda atingida por fragmentos de material isolante que revestia o tanque principal de combustível. Esta colisão resultou em um sério dano na parte da asa, revestida de material termo-isolante, preparada para resistir as altas temperaturas no momento da reentrada da nave na atmosfera.

Há tempos que vários engenheiros da NASA vinha tentando aprovar uma série de procedimentos para uma análise mais minuciosa sobre a possibilidade de ocorrerem danos na decolagem devido a esses impactos. Eles objetivavam, através deste estudo, que o perigo fosse considerado real e então medidas fossem tomadas para sanar o problema de desprendimento de material isolante.

Como no caso Challenger, a alta direção considerou o aspecto destacado como aceitável nas missões, uma vez que a isolação que se desprendia era oriunda do tanque de combustivel e não do onibus espacial e, portanto, não colocaria a viva da tripulação em risco. Em momento algum, os desdobramentos da soltura deste material foram levados em conta pelos gestores. Eles menospresaram o fato e afirmaram que era apenas um problema de manutenção em vez de uma preocupação de segurança de vôo.

Os engenheiros, quando perguntados pela equipe de investigação sobre o acidente com o Columbia e do porquê de não terem sido mais veementes em suas manifestações de discordância com os procedimentos de segurança, responderam que, se o fizessem, certamente iriam ser apontados e ridicularizados por seus colegas e gerentes. Isto demonstra uma prática de exclusão, adotada na agência espacial, para aqueles que não concordavam com o ponto de vista dominante.

Algumas considerações:

Na análise de Vaughan, as três forças - produção de cultura, cultura de produção e sigilo estrutural - explicam, juntas, a decisão de lançar a Challenger. Por meio de rotinas decisórias repetidas que normalizaram a informação desviante, a produção de cultura desenvolveu e manteve a crença do grupo na segurança suplementar do segundo anel de vedação. Essa crença forneceu a estrutura de referências para processar a informação. A cultura de produção, expressa nas normas da engenharia e na cultura da NASA, legitimou o processo decisório, julgando-o conforme as práticas aceitáveis dos engenheiros e diretores, que tinham de ter flexibilidade interpretativa, desenvolver regras próprias e seguir procedimentos burocráticos ao lidar com sistemas técnicos complexos, inovadores e arriscados. O sigilo estrutural bloqueou o fluxo de informação e atenuou os sinais sobre o problema do anel, ocultando e diluindo as informações, de modo que os sinais de perigo perderam a capacidade de reverter à crença dominante sobre a segurança suplementar do segundo anel. As três forças convergiram na véspera do lançamento para o trágico desfecho relatado, num estilo de tomada de decisão que caracterizou o programa espacial.

A análise do acidente com a Challenger revela, ainda, falhas na criação de significado, na construção do conhecimento, na tomada de decisões e na administração da informação. Na criação de significado, os engenheiros e executivos da NASA e da Thiokol mantiveram uma auto-imagem e uma ideologia dominante que lhes permitiram continuar selecionando e armazenando esquemas e regras que lhes forneceram interpretações que não tinham mais validade. Depois de 25 lançamentos espaciais bem-sucedidos, a crença de que o anel suplementar oferecia segurança parecia suficientemente justificada. Em termos de conhecimento, os engenheiros nunca chegaram a entender realmente todas as contingências que poderiam levar a uma falha dos anéis de vedação, de modo que, na véspera do lançamento, não havia dados que quantificassem a preocupação com o comportamento do anel a baixas temperaturas. Roger Boisjoly, um engenheiro com muito conhecimento sobre os anéis, havia advertido que os danos de um lançamento anterior realizado em janeiro de 1985 tinham sido piores porque "a cola parecia diferente dos outros casos de excesso de pressão". O comando da NASA considerou essa afirmação um argumento intuitivo, sem apoio substantivo. 

Os engenheiros da Thiokol reconheceram o argumento como subjetivo e baseado numa "intuição de engenheiro". Devido à incapacidade de converter e partilhar esse conhecimento tácito, os sinais de advertência continuaram fracos e confusos, e não conseguiram levantar dúvidas sobre a segurança do anel suplementar. Na tomada de decisões, o processo preocupou-se com regras, normas e conformidade, o que permitiu aos engenheiros e executivos normalizar os sinais de advertência, interpretando-os como riscos aceitáveis. Por meio de uma seqüência de decisões repetidas e da transmissão de regras próprias, os engenheiros e executivos reconstruíram suas premissas sobre o que constituía um risco aceitável. O fluxo de informação foi bloqueado e a informação foi ocultada como resultado dos atributos estruturais da organização, incluindo os procedimentos burocráticos de decisão e de revisão, que enfatizavam a conformidade e as concessões, e a especialização funcional que limitou o fluxo de informação para o alto comando.

No caso do onibus espacial Columbia, as decisões de gestão feitas durante o seu vôo final refletem as oportunidades perdidas e bloqueadas, o uso de canais de comunicação ineficazes, análise falha e liderança ineficaz. Talvez o mais impressionante é o fato de que a gestão do programa do ônibus, a equipe de gerenciamento de missão e o diretor de vôo e controle da missão não exibiram nenhum interesse em compreender o problema e suas implicações. Os gerentes não conseguiram aproveitar-se da vasta gama de conhecimentos e experiência para alcançar a melhor resposta para o problema, mesmo quando ainda estava em orbita e já se sabia da ocorrência do choque da isolação com a asa da nave. Os gestores da agência espacial se perderam em falhas de comunicação e menospreso à gravidade do problema, entre outros pontos descritos abaixo.

Problemas de comunicação no caso Columbia:

·Comunicação não fluiu eficazmente para cima ou para baixo, entre os gerentes de programa.
·Três pedidos independentes de imagens foram iniciados e negados.
·Grande parte das informações sobre o programa veio através de canais informais, impedindo o parecer relevante e a análise correta dos tomadores de decisão.
·Gerentes de programa não se comunicavam ativamente com a equipe de avaliação de detritos. Parcialmente como resultado disto, a equipe passou por canais institucionais não relacionados a missão e, desta forma, os pedidos de imagens geraram confusão a cerca de sua origem, sendo, em virtude disto, negados.
·Comunicação se perdeu na burocracia e foi sufocada pelo programa que tentou descobrir quem tinha "prioridade" para requisição das imagens.

Falhas no gerenciamento do programa do ônibus espacial Columbia:

·Haviam lapsos de liderança e comunicação que tornavam difícil para engenheiros aumentar as preocupações ou compreender as decisões. A Gestão não se engaja ativamente na análise dos potenciais danos causados pelo problema.
·Reuniões de equipe de gestão da missão ocorreram com pouca freqüência (cinco vezes durante uma missão de 16 dias), não todos os dias, como especificado nas regras de gestão do programa do ônibus espacial.
·Os gerentes do programa do ônibus espacial entraram à missão STS-113 com a crença de que o impacto da espuma de isolação não afetava a segurança de vôo.
·Depois que os gerentes do programa foram informados, sua crença de que a colisão não seria um problema foi confirmada (cedo e sem análise) por um perito confiável, prontamente acessível que lhes falou com “experiência". Ninguém na gestão questionou sua conclusão.
·Os gerentes se preocuparam em saber "Quem havia solicitado as fotografias da decolagem?" em vez de avaliar o mérito do pedido. A Gestão parecia mais preocupada com o pessoal seguir os canais apropriados (mesmo quando ela buscava aconselhamento informal) do que com o resultado da análise.
·Gerentes associados à missão STS-107 começaram a investigar as implicações do choque da espuma sobre a asa e apressaram alguns passos da investigação para acelerar a análise pós-vôo.
·Os gerentes do programa solicitaram aos engenheiros que provassem que o choque de detritos causava insegurança ao vôo, ou seja, os engenheiros tinham que produzir provas de que o sistema era inseguro, em vez de provar que era seguro.

Conclusões:

As semelhanças entre os dois acidentes (Challenger/Columbia) são impressionantes. Eles tiveram suas origens nos mesmos procedimentos:

- O fenômeno de não aceitar, com o tempo, parâmetros além do limite de segurança.
- A aceitação de sucessos de vôos é tomado como evidência de segurança em detrimento do rigor de procedimentos e análise de mudanças e seus desdobramentos. Os relatórios indicando inconformidades são um avisos que algo está errado... e são ignorados.
- Se por um lado a manutenção apresenta uma agenda para lançamentos razoável, o mesmo não se pode dizer da engenharia, que muitas vezes não pode ser feita rápido o suficiente para manter o contato com as expectativas dos critérios de certificação e segurança. Nessas situações, sutilmente e muitas vezes com argumentos aparentemente lógicos, os critérios são alterados para que vôos possam ser certificados em tempo habil. Eles, portanto, voam em condições relativamente inseguras, com uma chance de falha de um por cento, ou seja, em cada cem missões, uma terá falha catastrófica, como ocorreu.

Os desastres da Challenger e da Columbia foram resultados de um processo organizacional e social que teve sua origem em "aspectos rotineiros da vida organizacional, os quais, dados como certos, criaram uma maneira de ver que era, ao mesmo tempo, uma maneira de não ver"! Nesse processo, a informação, vista inicialmente como sinal de um desvio para um potencial perigo, foi reinterpretada dentro de normas de desempenho aceitáveis e, portanto, oficialmente dentro dos limites do risco aceitável.

Com o tempo, o uso repetido da seqüência decisória levou à afirmação técnica e social das ações e crenças do grupo de trabalho e gestores da missão, aparentemente validando a lógica dominante de que o projeto era um risco aceitável. O caso do acidente do Columbia foi ainda mais grave, se levarmos em conta que, aparentemente a lição deixada pela Challenger não foi devidamente assimilada e integrada a cultura da  Agencia Espacial Norte Americana – NASA.

Estas são duas histórias que ilustram como conseqüências desastrosas podem advir de falhas da vida organizacional, como a falta de permanente análise de cenários, avaliação de resultados (valorização do legado deixado pelos erros como fator de aprendizado), incorporação de “feedbacks” e novos procedimentos à cultura e conhecimento da empresa. São histórias de como as influências parciais e tendenciosas, atuando despercebidas sobre a tomada de decisão, produzem graves conseqüências para as organizações.

Referências bibliográficas:
* The Knowing Organization - Chun Wei Choo – Oxford University – 2000
* COLUMBIA ACCIDENT INVESTIGATION BOARD – Report volume 1 / August 2003